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    Ôoooo, amo los Stones….

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    Nada contra o Rio. Nada contra o 1,5 milhão de brasileiros que foi a praia de Copacabana ver uma das maiores bandas da nossa história. Mas assistir aos dinossauros do rock na cidade mais fanática por eles… Foi uma escolha fácil!!
    Buenos Aires. Uma das cidades mais amadas e comentadas aqui na região sul do Brasil, a capital Argentina vem dando a volta por cima. Depois de alguns anos de crise, BA parece estar se reconstituindo, é possível caminhar em altas horas com relativa tranqüilidade pelo centro e mais do que nunca, está quase falando português.
    Mas nem todos os momentos foram flores… A tradicional organização e tranqüilidade dos grandes shows no belíssimo estádio do River Plate foi quebrada. O Monumental de Nunes poderia ter sido palco de uma grande tragédia.

    Ato I – A cidade como ela é.

    Nossa viagem começou tranqüila, em um respeitável MD11 com suas 3 turbinas e muito espaço! A chegada em Buenos Aires é sempre a mesma, check in no hotel e aquela saída mais rápida possível para a Florida, da qual o hotel sempre é vizinho. O charme de uma cidade “quase européia” seduz rapidamente qualquer turista e logo não há qualquer lembrança de problemas, trabalho e quase nem se lembra de porque mesmo veio até BA. Não precisa de motivo para viajar a Buenos Aires!
    O câmbio nos favorece, a comunicação nunca foi tão fácil, o número de turistas europeus e brasileiros impressiona. A irresistível Galeria Pacífico, e as dezenas de restaurantes, com suas pastas e carnes com ótimos preços e qualidades invejáveis. À noite bares, sempre com enormes placas da Quilmes convidam, a falta de pressa de uma cidade que nunca dorme cedo tranqüiliza, e a segurança das ruas permite que se fique por ali indefinidamente.

    No fim de semana tem passeios que são indispensáveis, como a Recoleta e sua feira muito parecida com o nosso Brique da Redenção. Um Hard Rock decadente, uma galeria de lojas de design que deixa as pessoas de bom gosto e sofisticação sem saber o que olhar primeiro. E o belíssimo Museu de Belas Artes, que exige pelo menos umas 3 horas para uma rápida apreciada em suas obras.

    O bairro da moda, Palermo dá toda a impressão de Europa, com tudo incluído. As lojas de marcas mundiais se enfileiram nas belíssimas e “anchas” avenidas. E vale muito a pena comprar! Retornar da Recoleta ao centro caminhando cansa, mas vale muitíssimo cada passo! Las Cannitas tem uma rua (Baez) que abriga vários barzinhos, é a “Calçada da Fama” de BA, fica atrás do gigantesco hipódromo, e é movimentada de quarta a domingo.

    No domingo há a famosa feira de San Telmo, que na realidade é uma venda de velharias, lugar para uma visita única, na primeira vez que se vai a BA, apesar de alguns restaurantes temáticos interessantes. San Telmo já fora um bairro de luxo, abandonado por seus moradores durante a peste…

    La Boca com seu “caminito” permanece sempre igual, e oferece os maiores preços de BA para suas lembranças. Lugar totalmente voltado aos turistas, e que deve ser visitado até as 18 horas, a partir de então se torna muito perigoso. O velho porto segue com aquele odor habitual, muito desagradável.

    Puerto Madero com seus 16 prédios gigantescos reformados oferece uma infinidade de restaurantes e bares, vizinho da impressionante “disco” Opera Bay, que mais parece uma obra de arte gigantesca. O complexo é seguro, mas se recomenda chegar até ali de táxi. Os táxis argentinos continuam, como sempre, baratos, correndo como loucos e vários sem faróis, depredados e sem manutenção. São 40 mil táxis na cidade, rodando incansavelmente para todos os lados que se olha.

    Os amantes do futebol poderiam perguntar: O River mudou de cidade? Não se vê camisas do River por lá, só entrando nas lojas e pedindo. As vitrines são tomadas pelas cores do Boca e da Seleção, estão por todos os lugares.
    O sorvete portenho é imperdível, sabor doce de leite mais ainda, as carnes excelentes em qualquer lugar, e as bebidas sempre caras.

    Teatro Colon em reforma, ruas não tão limpas como antigamente, e sim, há pedintes por todos os lados. Até uma espécie de carnaval havia por lá.

    De qualquer forma, BA continua imperdível, e ainda não conheci alguém que tivesse pressa de ir embora de lá, a partida é sempre o dia da tristeza!

    Ato II – E as pedras rolaram.

    A primeira recomendação é que não se use camisas de times ou países, e que se chegue cedo, próximo a hora da abertura dos portões. A primeira recomendação é fácil de seguir, a segunda nem tanto. Quem depende de agência para este transporte, deve ser muito incisivo nessa questão, sob pena de ver as pedras rolarem, mas sobre sua cabeça…

    Os mais experientes em shows na capital portenha afirmam nunca terem visto tal desorganização da produção de um show. Uma única entrada para as 40 mil pessoas do “campo”, e uma única entrada para as arquibancadas. A fila monumental, tal como o estádio, andou por quatro horas para nosso grupo, mas não conseguiu entrar antes do primeiro acorde ecoar estádio afora. Neste momento, toda a tranqüilidade e educação impressionante do povo argentino, que aguardava calmamente sua vez de entrar em um calor significativo e escutando zoeira da grande massa de brasileiros que tomava conta de grande parte da fila, foram por água abaixo. As 22 horas, assim que os fogos anunciaram a entrada dos dinos do rock, o cenário mudou instantaneamente, e os gritos de “ abre la puerta la puta que te pario” anunciaram uma corrida maluca da fila, dos espertalhões que acompanhavam a fila ao seu lado e da meia dúzia de policiais que só apareciam na porta do estádio. Organizadores não havia. Os fâs estavam por conta, desde as 16 horas por conta. Então, quem ficou por conta foram os caras da revista, que se esconderam, e as roletas, arrancadas pelos próprios cobradores, e muitos fãs, inclusive eu, que entraram correndo, e nem ingresso entregaram. As grades caíram, e todos entraram correndo. Caos, seguido da chegada da tropa de choque, com jatos de água e bombas de gás, atacados a garrafadas pelos fãs que com ingresso na mão perderam o show.

    Entramos ao final da primeira música, mais um tempo para se recuperar da correria e do susto significou alguma perda do show, até entrar no clima… Alguns, como meus amigos de Bento Gonçalves que foram exclusivamente ver o show ficaram de fora. Em choque, sem acreditar no que tinha acontecido.

    O show foi como esperado, alucinante, com uma platéia que lembrava uma torcida de futebol, tal era a paixão pela banda. Richards ovacionado por quase 10 minutos. Tranqüilidade o tempo todo, empurra-empurra apenas no momento do palco menor avançar até o meio do campo, o que nos permitiu vários minutos de cara com os astros. Show histórico, talvez o último deles pela América Latina. Daqueles que se diz: Eu fui! Enchendo a boca de orgulho. Paint In Black foi o ponto alto do show, na minha visão.

    As frases de ordem ” abre la puerta la puta que te pario” foram substituídas por um coro impressionante: “Ôoooooo amo los Stonessssss, amo los Stones, amo los Stones, amo los Stoooones” e o Monumental fervia com seu sangue latino.

    A saída foi tranqüila. No ponto de encontro só se ouviam celulares tocando, os pais preocupados com os filhos que lá estavam, pois a repercussão do tumulto foi imediata e forte, haviam repórteres na nossa frente na hora da explosão do tumulto.

    No segundo show, na quinta-feira, meus amigos de Bento conseguiram entrar, abaixo de muita chuva, com “las puertas” abrindo mais cedo ( as 14 horas) mas ainda assim com novo tumulto do lado de fora. Show com novo set list, incluindo Angie…

    Mas enfim, as pedras rolaram…

    E eu vi!

    O Brasil a Ferro e Fogo.

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    É ferro. É fogo.

    É básico. Todos sabem. Ninguém poda um arbusto indesejável em um jardim. Arranca-se ele com sua raiz, inteirinha. De nada adianta cortar uma folha ou outra, se é da raiz que ele renascerá.

    Vejamos a crise das crises no nosso país. Alavancada pelos políticos que se tornaram os donos do poder justamente por passar a vida toda afirmando ser imunes as velhas práticas políticas eleitoreiras e governistas. Quanto mais folhas são arrancadas, mais se percebe o quão profundas são as raízes.

    Mas o que se faz com essas raízes?

    Quem já fez campanha algum dia em pequenas cidades pode ver mais de perto porque as coisas são assim. Com certeza já ouviu: “ Tudo bem, teu candidato é simpático, gosto dele, mas o que eu ganho com esse voto? Amanhã é domingo e ainda não tenho carne pro churrasco! Nem fiz o rancho do mês! Estou com a conta de luz atrasada! Ah sim doutor, eu troco o cartaz do outro candidato lá da porta da frente, mas tem que valer a pena né…”

    Muitas vezes a mesma mão que bate é a mão que alimenta. Em muitos setores. Na política não é diferente. Quem é culpado, o político que arrecada fundos e costura manobras ou alguns eleitores que “trocam” seu voto?

    Os dois. Os dois lados. Dois de dois, ou seja, todos. Não todos os componentes de cada lado, mas alguns. Alguns de ambos os lados. Culpados por corromper. Culpados por serem corrompidos. E ainda, os culpados por saber, e nada fazer.

    A corrupção é a violência dos poderosos. O motivo pelo qual um político usa seu poder para outros fins que não o de trabalhar para o povo é o mesmo que leva um assaltante a puxar o gatilho por um tênis falsificado: A impunidade. Essa é a palavra chave para o Brasil.

    O ser humano não é perfeito, está muito longe disso. É fraco, é suscetível, é “negociável”, “ajustável”, tem seu limite, e muitos seu preço. Alguns bem baratos, como promoção de final de feira. Claro que existem exceções, mas nem da pra saber se as exceções são os corretos ou os incorretos. Pode-se deduzir, mas não saber. O homem pode sucumbir. Uns menos, outros mais, outros ainda muito mais. Mas o que define mesmo isso é a impunidade. Se quem tem a tendência, e percebe a oportunidade, e sabe que nada acontecerá depois, fará. Se temer o que acontecerá depois, no mínimo pensará.

    Mesmo nossas leis velhas, antiquadas e muitas vezes até ridículas precisam ser cumpridas. Mas quem manda nelas? Judiciário. Lindo, cheio de concursos, muito estudo e… Independência? Não. As autoridades máximas do judiciário são, (PASMEM!) escolhidas pelo presidente da república.
    Ora. Vamos recapitular. Temos três poderes.O executivo, na figura do presidente. O legislativo, nas figuras dos senhores “com anel de doutor” (segundo definição da nossa atual autoridade máxima executiva), e o judiciário.
    O legislativo está ao lado do executivo. Negociando, aprovando, trancando, articulando, as vezes sem mesada, as vezes com. Mas sempre ganhando alguma coisa para direcionar seu voto. Seja ilegalmente, seja “legalmente”, com aprovação de seu projeto, liberação de verba para sua região… Por que afinal de contas, sua região que o coloca lá! Como então liberar verbas e aprovar projetos que beneficiem seus eleitores, se volta e meia não aceitar uma barganha do executivo, necessitado de seu voto para suas aprovações… Há independência entre legislativo e executivo? Nem de longe.
    Ah, mas o judiciário é independente, os caras nem negociam com os outros poderes! Sim. Seria ótimo. Se o poder judiciário não tivesse como comandantes ministros. Ministros, escolhidos pelo presidente da república. Opa! Como assim? Assim mesmo. O poder judiciário tem como chefes, pessoas indicadas pelo executivo. Independência? Rá, rá, rá.
    Vivemos numa monarquia democrática, mas ninguém nos avisou… E o pior, nossos comandantes há muito não se perguntam: “Que rei sou eu?”.

    O Brasil precisa de ferro e fogo!
    Todos precisam saber que se não andarem na linha, a linha os cortará.

    Ninguém vai querer superfaturar uma obra pública, sabendo que na cadeia não se pode comprar nem uma pizza! Pizzas! O prato preferido dos três poderes. Opa, três? Ou um?
    O cinto de segurança existe há muito. Mas só começou a salvar vidas quando teve custo pra quem não usasse. Quem sabe as leis não começam a ser cumpridas, caso se tenha certeza do custo de ignorá-las!

    É possível acabar com a corrupção?
    Não!
    Sempre haverá. É a natureza humana em exercício. Mas podemos suportá-las em níveis “aceitáveis”, banindo um ou outro que se aventura.
    Como?
    Punindo, prendendo, banindo da política. Arrumando as leis que mandam prender sem fiança quem mata um passarinho a bodocadas e que soltam assassinos condenados em meia dúzia de anos. Quando são presos.
    E o povo aquele que troca churrasco por voto, deveria saber, quanto custa ao país, que é dele, aquela carninha de domingo…

    Por que da maneira que estamos, logo, logo quem não vai aceitar as pessoas de bem, moralistas chatos e corretos, são os corruptos, covardes e ladrões!

    Brasil?
    Sim, mas só a Ferro e Fogo!

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