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    A parte superior de Bonifácio é bem mais antiga, e não esconde isso. As edificações tem a pintura surrada, tem aberta aberta a trilhas e a parte mais sitiada entre muralhas e penhascos, e traz o componente peculiar e único de Bonifácio no seu DNA. As edificações são super verticalizadas, escadarias com inclinações incríveis são a entrada das residências. Bem vindo a Bonifácio dos corsos.

    A rampa acima é a ligação para pedestres com a cidade baixa, não é longa, mas não é tão inocente quanto parece na foto. A cena da chegada na parte superior já é lindíssima. Aliás, a parte superior de Bonifácio tem certos componentes de Santorini. Apesar de ter muita região mais confinada, onde é aberto segue a linha das paisagens perfeitas para qualquer lado que se olha. Vem ver!

    A foto acima é uma prova de toda a coragem secular dos habitantes da cidade, que literalmente estão pendurados nas falésias. São 25 milhões de anos de mar e vento formando o suporte desses edifícios antigos que praticamente flutuam sobre o mar desde o ano de 830. É de cair o queixo, e admirar o que essa turma fez, e faz. São apenas 60 metros de altura… Apenas…

    Apesar da parte baixa ser mais agradável para se hospedar, por tudo que já vimos nos outros artigos de Bonifácio, a cidade alta também é ercheada de restaurantes, bares, em ruelas que vale a pena se perder, se achar e se perder de novo! A atmosfera é super tranquila, a população é pequena, então quem faz o agito mesmo são os turistas, dependendo da época do ano.

    Tudo em Bonifácio é agradável. Vez por outra você encontra um corso ou francês meio irritadiço, mas via de regra, a cidade cuida bem do seu turista. Até porque ela vive mais disso do que de qualquer outra coisa, hoje em dia. A ilha tem lá as suas especiarias, em destaque: O vinho, a tangerina, a oliveira, a avelã de Cervione, farinha de castanha, os queijos e os produtos derivados da criação de porcos corsos criados em semi liberdade.

    Saindo das muralhas, existem trilhas longas que levam para longe da cidade e oferecem um clima que já flerta com a vocação de ilha de algumas das trilhas mais famosas do mundo. Nem vou falar do visual que se tem, tanto da cidade, quanto do mar e das falésias que se pode ter nessas trilhas. Por óbvio, leve água e lanches leves porque não há estrutura ao longo da caminhada, e escolha um horário favorável de sol.

    Como em qualquer cidade dessa antiguidade, umas das coisas mais legais a se fazer é caminhar livremente pelas ruelas estreitas e seculares do velho centro. Suas particularidades, sua história desenhada nas paredes e no calçamento antiquíssimo. Ver de perto como é a vida de quem se mantém residindo em luagres com tanta história pra contar, testemunhando gerações e gerações.

    Suas antigas defesas testemunham suas batalhas, suas invasões, todas as culturas que entraram, contribuíram para sua formação atual e todos os componentes da história de uma cidade que desde 830 se revela e se declara lá do alto de suas impressionantes falésias. Bonifácio não é uma cidade que se perde em meio a centenas de roteiros turísticos pelos quais você desfilou. Ela será uma lembrança diferenciada, acredite.

    As fotos de cartão postal se jogam na sua frente a todo  o momento nas alturas de Bonifácio, então mantenha seu equipamento fotográfico por perto e com carga, mesmo quando estiver indo a lugares já conhecidos, porque a simples troca de posição solar já revela uma nova cena que não pode deixar de ser imortalizada. Acima, estamos vendo a ponta superior da ligação para pedestres da cidade alta e a baixa, bem pertinho do portão da cidade fortificada.

    Que tal um refresco providencial depois de uma caminhada pelas ruelas da cidade de cima? Antes de escolher o café ou bar, dê uma espiadinha para dentro e confirme se é um daqueles que estão literalmente pendurados nas falésias. Pendurado do tipo que se olha pra baixo e vê o mar, e não outra coisa. Vem comigo, dá um look na foto abaixo. Ela não é projetada não. Está na linha dos olhos, bem renta a grade da foto de cima. A sensação é muito louca. E claro, surreal. Magnífica!

    As cores do mar corso são obviamente as mesmas da Sardenha, o que por si só já é um belo cartão de visitas, uma lembrança de que a região oferece mais, logo ali, depois de alguns minutos de ferry da prima badalada. Mas nem por isso significa que visitou uma, visitou outra. Assim como nas praias sardas, cada uma tem um charme diferente pra se mostrar. Seja a formação rochosa, a vista, a vegetação no entorno e na própria água em si, enfim. Pesquise, veja vídeos e fotos, e escolha as que mais te encantam. Porque as opções são muitas…

    Não é difícil entender porque os gregos antigos chamavam Bonifácio de a mais bela de todas. E muitos povos passaram por Bonifácio: Toscanos, pisanos, genoveses, espanhóis, mouros e franceses, enriquecendo suas muralhas e sua cultura. Mas não foi só sua beleza que atraiu tanta gente. Essa cidade milenar tão peculiar tem uma localização super privilegiada nas rotas do comércio e das antigas guerras do Mediterrâneo.

    A cidade fortaleza teve muitas tentativas de invasão, mas uma delas se tornou uma lenda muito curiosa: Reza a lenda que em 1420 o Rei de Espanha Afonso de Aragão ordenou a escavação de uma escada, em uma noite, para que os soldados pudessem invadir a cidade, após 5 meses de cerco. É claro que a escadaria não foi feita em uma só noite. Nem se sabe ao certo se foi de fato Aragão o autor da peça. Mas a lenda restou, e deu nome a escadaria.

    Hiper vertical, vertiginosa, a escadaria é um dos pontos turísticos da cidade, mas vá preparado pra se segurar no corrimão, voltar de língua de fora, e com zilhões de fotografias maravilhosas.

    Com este artigo nos despedimos da Córsega, essa ilha que todo turista ambicioso de conhecer esse mundão não pode ignorar. Saímos de lá com a certeza que foi um dos lugares mais interessantes que conhecemos, e que mais tempo seria muito bem vindo, pra completar uma exploração que ficou com muito, mas muito gosto de quero mais!

    Imagens: Arquivo Pessoal

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    Bonifácio se divide em dois níveis, basicamente. A Cidade Baixa, totalmente integrada com o mar e seu charmoso porto, e a parte alta, impressionante desafiando a gravidade no topo das falésias brancas cinematográficas. Poucas cidades no mundo são tão peculiares. Neste artigo, vamos falar da parte baixa da cidade. A foto acima tem uma vista geral, dando uma boa ideia do charmoso porto.

    É a porta de entrada da cidade, o porto por onde chegam os poderosos ferry vindos da Sardenha, trazendo pessoas, carros, caminhões e o que mais quiserem. A vista da entrada é de tirar o fôlego e se dar conta que os dias alocados pra cidade serão poucos. Seja lá quantos forem. É essa a sensação da chegada. A operação no ferry é bem simples, mas o trânsito da chegada nem tanto. A rua de chegada passa entre os restaurantes e hotéis e seus quiosques típicos na borda do porto, é movimentada, super estreita, e se um parar, todos param. O acesso a cidade se dá por ali mesmo, e boa parte dos hotéis ficam ali.

    Da cidade baixa a coleção de vistas compreende as pequenas e charmosas ruas dos restaurantes, a vista das muralhas superiores e uma parte da cidade alta, e claro, a entrada via mar da cidade e seu porto. Nos hospedamos por ali, excepcionalmente servidos de tudo. Restaurantes, sorveterias, todas as facilidades de uma rua principal, mercadinhos, lojas bem variadas o acesso imediato ao mar. O estacionamento do hotel era algumas quadras pra cima, na verdade em estacionamentos públicos. Para hóspedes do hotel não havia custo. Na chegada paramos a rua para descarregar, mas na saída dar a volta seria bastante trabalhoso e confuso, então carregamos as coisas. É o único inconveniente de se hospedar na parte baixa.

    A foto acima mostra o caminho mais lógico para a parte superior da cidade, pra quem vai andando. De carro se sai pelo outro lado, mas desaconselho. Estacionar lá é um desafio maluco. Pra quem não quer encarar as escadas, existe um trenzinho que leva e traz e ainda circula lá por cima. Não parece valer a pena.

     

    A foto acima mostra como funciona o curioso método que os restaurantes acharam para operar. As bases de operações ficam nos prédios atrás, antigos e simples por fora, modernos e sofisticados por dentro. Essa linha de quiosques abriga as mesas, foto abaixo. E são vários e variados restaurantes que atendem dessa forma, todos coladinhos só separados pelo toldo.

    Os preços são bons, apesar do requinte. Não vi nadade assustador das casas do porto, mesmo atendendo um público exigente e de alto nível econômico. Certamente é uma característica da Córsega, que não é um lugar caro. Dá pra dizer com tranquilidade que é um pequeno paraíso. E certamente essa é a região e micro região mais cara da ilha, porque conforme saímos do circuito turístico, mais estamos em contato com o pastoreio, atividades de campo e especiarias familiares corsas. Claro, as lojas mais requintadas estão presentes, lado a lado com pequenos comércios de souvenires. Mas as requintadas e suas grifes já voltam aos patamares de preços mundiais de cidade turística.

    A foto acima mostra a rua principal da cidade baixa, onde tudo acontece. Por ali a concorrência é entre pedestres, entre a turma que atende os quiosques a partir de suas bases nos edifícios, e os carros que estão passando, ou aliementando essa estrutura toda. Então em alguns horários de dia fica bem movimentadinho mesmo. Mas a  tranquilidade ainda impera, apesar da falta de paciência dos franceses e de boa parte dos corsos.

    A estação é bastante importante quando se programa uma viagem a Córsega. No inverno a Cidade Baixa praticamente fecha, pois quase tudo ali é ligado ao turismo. Preferir o calor é quase uma obviedade quando se fala em visitar uma ilha, particularmente uma tão integrada com o mar e de uma beleza impar.

    A noite tem aquele movimento tranquilo, charmoso mas despojado ao mesmo tempo. O turismo ali é visivelmente mais requintado. Pra quem procura baladas mais agitadas, não parece o lugar. Alguns bares esticam um pouco mais, mas via de regra tudo acontece relativamente cedo, e está mais voltado para a gastronomia. A turma dos barcões já está recolhida, ou fazendo um tempo já a bordo nas suas salas luxuosas. A iluminação da cidade não chega a explorar bem o visual que a cidade apresenta, mas também não passa em branco.

    Ainda é possível fazer caminhadas no entorno da cidade baixa, aí já procurando um momento de menos sol, sejamais cedo ou mais tarde, e curtir um festival interminável de imagens de cartão postal. Alguns se aventuram a pegar uma praia por ali mesmo. As opções são ótimas. No próximo e último artigo da Córsega vamos falar da parte alta da cidade.

    Imagens: Arquivo Pessoal

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