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    Não Sr., lamento informar, mas já não é mais possível cancelar o pedido! No momento que o Sr. digitou o número premiado, a confirmação do contrato foi enviado ao nosso setor jurídico, que aprovou imediatamente a criação da sua conta, e o seu boleto já foi emitido! Para cancelar a contratação do seu plano de acesso ilimitado à qualquer coisa que seja de seu interesse, basta esperar o término do prazo de fidelidade de 1 ano, que estaremos disponibilizando o formulário de cancelamento, que deve ser preenchido on line em 24 minutos após o término do contrato, daqui a exatos 12 meses! E para sua comodidade, caso não haja o preenchimento do termo para término do contrato, o mesmo será renovado por mais 2 anos! Então estaremos disponibilizando um novo prêmio…

    ……………tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum, tum……………….

    Estamos na era dos gigantes. Gigantes de tecnologias, gigantes de comunicação, gigantes do dinheiro, do ramo imobiliário, petróleo. Temos os gigantes da alimentação e até das fraldas. Até a padaria da esquina dá uma de gigante, pois faz suas compras através de cooperativas com outras mil padarias. Isso para poder sobreviver ao ataque dos hipermercados imperiais. A república dos pequenos faz o que pode para se defender dos gigantauros imperialistas! Mas o mundo é mesmo dos gigantes. É claro que sempre se soube, que não tem nada mais impiedoso do que um gigante caindo. É sinistro, impressionante e normalmente irreversível. Vamos falar então de um dos gigantes de uma área totalmente dominada pelos grandões do mundo. Chrysler, gigantão do mundo dos automóveis.
    Vamos espiar o histórico de uma das montadoras de automóveis mais charmosas que o mundo conhece. Em 1924, um ex-executivo da GM e Buick dá início à Chrysler Corporation. Uma empresa que sempre vinha com novidades em seus automóveis. Em 1935 já era uma das principais marcas americanas do setor, e o fundador, Walter Chrysler já passava o bastão. Na segunda guerra a empresa chegou a fornecer caminhões e tanques para o exército americano. E a empresa segue crescendo, entra na europa, faz algumas aquisições bem importantes no setor automotivo, como a Dodge, a Maserati e a Lamborghini.
    Na década de 90, através de automóveis de grande sucesso como o Jeep Cherokee, a Chrysler já era uma gigante vendida em mais de cem países, e chegou a ser eleita pela Forbes a empresa do ano. Nessa terra de gigantes, a ciranda das compras, vendas, fusões e trocas de tecnologia são bastante comuns, e até necessárias para o crescimento que essas empresas precisam para estar presentes a nível mundial. Então em 1988 é a vez da Daimler Benz comprar o nosso gigante. A empresa segue fazendo seus carrões grandes, bebedores e luxuosos. Com um design muito particular, os carros da Chrysler sempre chamam atenção por onde passam. Dificilmente um modelo da marca passa desapercebido no dia a dia das ruas. Principalmente nas nossas ruas, recheadas de modelos bem mais simplórios.
    Em mais uma troca de mãos, em 2007 a Chysler que ainda detêm as marcas Jeep e Dodge passa seu comando para a Cerberus Capital e é nessa conformação que a nossa gigante charmosa dos carrões estilosos chega para enfrentar a crise de 2008. Mas a crise não perdoa. Além da falta de crédito e recessão, os carrões americanos bebedores de gasolina se tornam em um dos símbolos da culpa americana pelo consumo desenfreado. GM, Chrysler e Ford sinalizam ao governo que precisam de ajuda. E essa ajuda é dinheiro no bolso, não apenas outras ações. A operação destas brutais corporações está comprometida. O mundo inteiro se impressiona com a situação das empresas símbolos do poderoso estados Unidos da America.A Ford tem problemas menores, mas os tem.
    O governo americano em um ato já mais de desespero do que uma atitude racional, aporta recursos à montadora, assim como fez com a GM. O que quer dizer que as enlatadas capitalistas precisaram de ajuda estatal, uma afronta ao cidadão americano, que acabou pagando o pato. Pesquisa recente aponta que três quartos dos americanos preferem ver as gigantes fecharem as portas, do que ver o governo colocar mais dinheiro público nesse buraco negro. A Inglaterra já fez essa operação décadas atrás com uma montadora inglesa, mas só conseguiu adiar a falência. É claro que um país como os Estados Unidos assistir a queda de um dos seus maiores símbolos é uma situação totalmente indesejável, mas creio que mais indesejável ainda seja assistir essa queda levando, além dos milhares de empregos, uma montanha de dinheiro público junto.
    Todos devem conhecer a expressão: “This is a win-win situation”. Pois bem, para o governo americano, a situação das gigantes automotivas é o exato retrato do contrário dessa expressão. Não importa o que se faça, o governo será condenado. Se não ajudou, é condenado porque não ajudou. Se ajudou é condenado por ter colocado dinheiro público fora, ou por ter ajudado pouco. Não há escapatória! E também dificilmente há escapatória para essas empresas, pelo menos sem grandes movimentações no mercado. E assim, veio a primeira grande movimentação pós crise: A FIAT abocanhou boa parte da Chrysler, em um mega acordo que considera troca de tecnologia, plataformas, distribuição… Inaugurando na velha concorrente americana uma era de carros pequenos e econômicos, o inverso da vocação da nossa gigante. Aliado a isso, a Chrysler está oficialmente em concordata! E a GM? O novo presidente já declarou o lógico… E a tendência é que a mais poderosa montadora do mundo seja desmembrada, vendida aos pedaços, e continue sua operação menor, mas bem menor mesmo do que a gigantesca montanha de carrões com o brasão do Tio Sam que conhecemos hoje.
    O certo é que as padarias vão continuar comprando juntas, o império multinacional vai continuar comprando toda e qualquer empresa nacional de maior destaque (meio mais barato de aumentar o share), e as gigantes vão continuar crescendo mais e mais, ficando cada vez maiores e dependendo cada vez mais de um nível de consumo elevado, de crédito, de jogo financeiro, de títulos e cambios…

    Só sei que nessa terra de gigantes… não veremos mais o mundo como ele era antes…

    (Hei você aí! É, você mesmo terminando de ler o texto! Faça uma sugestão de tema para o próximo artigo aqui ó, no comentário! Thanks!!)

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