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    O Itaimbezinho é o cânion mais famoso, mais visitado, e mais estruturado para receber visitas. Estruturado no padrão Brasil, claro. Lá fora, seria classificado como abandonado e jogado a própria sorte. Mas enfim. Sem política hoje. Só turismo. Porque temos muita imagem maravilhosa pra ver.

    O cânion divide o Rio Grande do Sul com Santa Catarina, tem quase seis quilômetros de extensão, largura máxima de dois quilômetros, e chega a atingir setecentos metros de altura. É lindíssimo, e tem a companhia do Arroio Perdizes.

    A estrada até lá é muito, mas muito melhor que a do Fortaleza. São 17 km de chão, e boa parte dela é quase um calçamento. Mas claro que tem os pontos críticos. Poucos, mas tem. O Itaimbezinho fica dentro do Parque Nacional dos Aparados da Serra. É cobrada uma pequena taxa de entrada, e na sede do parque tem instrução e maquete dos cânions.

    O Itaimbezinho tem trilhas. A Trilha do Vértice, a Trilha do Cotovelo, e a Trilha do Rio do Boi. Hoje vamos ver duas delas, as fáceis. Porque nosso grupo estava com um conceito mais light, pra encarar os cânions gaúchos. A Trilha do Boi, bem mais puxada, vamos deixar pra outros carnavais.

    A primeira delas, a Trilha do Vértice tem só 1,4 km (ida e volta), e boa parte tem calçada. Acessível pra qualquer idade, bastante tranquila, curtinha e bem bonita. Você nem sente fazer a trilha. Quanto termina fica procurando o resto da trilha. Mas nem por isso é desinteressante. Bem pelo contrário. Pelo esforço, oferece muitas vistas de tirar o fôlego.

    O primeiro mirante mostra a bela Cascata das Andorinhas, e no segundo mirante a cascata Véu de Noiva, uns 200m maior e mais bonita ainda. O terceiro mirante mostra as duas cascatas, e o início do Cânion.

    Pra fazer as três trilhas, são necessários dois dias. Um pra Vértice e Cotovelo, e outro pra Trilha do Boi, que nem fica no mesmo lugar. Parte de outra cidade, e vamos falar dela mais adiante. Na pequena Trilha do Vértice você sente um pouco do movimento que tem no parque, já que o povo acaba rodando em um pequeno espaço. Nas demais, parece tudo meio vazio mesmo.

    A lógica sugere começar com essa trilha, e foi isso que fiz nas duas vezes que visitei o Parque. Mas sugiro fazer o contrário. Na trilha do Cotovelo você caminha séculos para só no final ter a vista que procura. Aí cansa, e como não tem o que ver no caminho, não pára. Então o melhor é começar pelo Cotovelo. Vai voltar cansadão ( a não ser que leve bicicleta, o que é a melhor ideia), e aí depois de um tempo e um lanche, faz o Vértice, que além de curta é linda em cada metro, e tem vários pontos de paradas, bancos, sombras. Enfim. A dica é boa.

    A Trilha que oferece a vista mais conhecida dos cânions gaúchos é a Trilha do Cotovelo. É uma trilha classificada como fácil, porém tem 6 Km (ida e volta). Como já comentei acima, o caminho é uma simples estrada de terra cercada de árvores. Sem sombra, e sem o que ver. É só caminhada mesmo. Entre nela alongado e descansado. Além de todos os acessórios pra sol (ou chuva). O sol lá em cima é punk. Mesmo. Um milímetro sem protetor já é suficiente pra descascar.

    A placa acima informa os horários e tempos médios. Dá pra fazer em menos, em duas horas e meia, caminhando. Não tem pedreiras, não tem subidas, é bem tranquila. Mas longa, e bem chata.

    É bem necessário levar água, lanches e acessórios para sol. Como estamos no Brasil, não tem nada por lá. Nem bar, nem algum ponto de base com máquinas de lanches e bebidas, mas tem banheiros.

    Os cânions só aparecem no final da trilha. Começa a ficar bonito com um parador bem povoado de mosquitos, uma mesa podre e meia dúzia de bancos. Depois aparece um mirante bem bacana. Lá você se joga, porque se o sol estiver forte, vai merecer um descanso…

    A partir daí, é vista linda para todo lado. O mirante mais alto ainda vai alguns metros adiante, mas aí sim já caminhando lado a lado com a grande beleza do Itaimbezinho.

    As fendas vão se expondo nada discretamente, o porte da formação rochosa é gigantesco, e oferece aquelas sensações de como somos pequenos em relação a natureza.

    No Itaimbezinho não é permitido acampar, e a entrada é até as 17 horas, podendo ficar lá dentro até as 18. Mais um motivo pra deixar a Trilha do Vértice pra depois. Você já vai estar resolvido com a trilha mais cansativa, e ela é ao lado da saída.

    Um dos fatores mais importantes na visita aos cânions, tanto Itaimbezinho quanto o Fortaleza, é a previsão do tempo. Se tiver nuvem, a vista se vai. Na outra vez, esperei algumas horas até o tempo abrir. Antes disso acontecer, não se via praticamente nada.

    Todas as trilhas requerem um mínimo de equipamentos: Água, protetor solar, repelente, lanches leves e energéticos. Capa de chuva é aconselhável, dependendo da previsão do tempo. Boné, a tradicional mochila de ataque e um bom espaço nos chips das máquinas e filmadoras.

    Algumas vegetações curiosas se somam aos cânions para formar vistas realmente diferentes. Só tome cuidado com a distância regulamentar da grande fenda, apesar da tentação de pular o isolamento pra buscar o melhor ponto de fotografia.

    Na foto acima aparece o mirante mais alto, lá tem uma espécie de escadinha de madeira e terra. Pra sentar e admirar a grandiosidade do cânion. Dedique pelo menos uns 15 minutos para ficar por ali. Até porque, a viagem de volta é ainda mais longa…

    A terceira trilha, a Trilha do Rio do Boi permite acessar o interior do Cânion, essa deve ser feita com guia, tem 8,5 Km (ida e volta) de muita pedra e travessia de rio, e parte de Praia Grande SC. É uma travessia de aproximadamente 7 horas, bem puxada, mas muito linda. Não fiz ela, então vou deixar pra um próximo post encarar essa bronca! Sobre o Fortaleza, o primo maior do Itaimbezinho, viaje aqui.

    O almoço era para ter sido no restaurante do Parador Casa da Montanha, mas no avançado da hora já não tinha mais lugar. Seguimos para a cidade e escolhemos o Galpão Costaneira. Ainda mais rústico do que Casarão, e com uma comida ainda mais saborosa. Vou me arriscar a dizer que é muito mais barato, e ainda assim melhor. Não se assuste com a fachada, é típica.

    Realmente exagerada a fachada, mas típica. Lá dentro é muito bacana, fora a questão do calor, em um dia muito quente. O momento do buffet ao redor do gigantesco fogão a lenha é quase uma aventura. Não deixe de provar as carnas de panela.

    O Templo Budista de Três Coroas.

    Se você saiu de Porto Alegre para Cambará, na volta tem mais uma parada que é obrigatória. Em Três Coroas, na linda e cheia de curvas estrada da serra fica um maravilhoso Templo Budista Khadro Ling, que é a sede do Chagdud Gonpa Brasil. Pouco mais de 1 km pra dentro da estrada, aberto até as 17 horas, é um lugar sensacional para finalizar a viagem.

    É composto de dois prédios principais, monumentos lindíssimos e um jardim super bem cuidado. A entrada é bem controlada, e tem um vídeo de 8 minutos pra assistir quando estiver lá dentro. Você pode se fazer de maluco e não ir ver o vídeo. Mas eu não informei isso. Só pensei escrevendo.

    O Templo fica no alto do morro, então a vista já é naturalmente de babar. O complexo fecha as 17 horas, então é fundamental estar atento ao relógio. Reserve no mínimo meia hora lá dentro. O ideal é em torno de 1 a 1,5 hora.

    A foto acima praticamente dispensa dizer que um tempo deve ser reservado para contemplação da vista… É de tirar o fôlego!

    Junto ao templo principal tem uma lojinha bem bacana, com vários itens. Mas não espere uma tranquilidade budista atendendo. A turma da lojinha é meio desatenta e séria. Pelo menos no dia em que eu fui. Já o pessoal que ficava nas entradas dos templos é super atencioso.

    Como acabamos pulando o vídeo, e um temporal estava na nossa cola pra descida da serra, fizemos uma parada quase fotográfica, sem tempo de entrar no clima do lugar. Mas para participar da meditação da Tara Vermelha, que é aberta ao público, tem que estar no domingo as 08:30 no Templo.

    Mais do Templo Budista Khadro Ling, aqui.

    Imagens: Arquivo Pessoal.
    Cânion Fortaleza

    Hoje vamos dar um tempo na europa, e falar de pratas da casa. Algumas semanas atrás visitei Cambará do Sul e o Itaimbezinho pela segunda vez, e o grandão Fortaleza pela primeira vez. É uma das lindas rotas pela serra gaúcha, e quem gosta de turismo ecológico, contato com a natureza, não pode perder de fazer essas trilhas. A base do passeio foi Cambará do Sul, uma pequena cidade vizinha dos cânions. Cambará tem pouco mais de 6 mil habitantes e é uma das cidades mais frias do estado. Mas pegamos um fim de semana com um calor de rachar!

    Por lá existem várias pousadas, para todos os gostos, e pra todos os bolsos. No site Cambará On Line tem todas as possibilidades. Como fomos em vários casais alguns com crianças, optamos por fechar uma pequena pousada de cabanas que ficasse exclusiva pra nós. Sem luxo, mas bastante funcional. Como quase tudo na cidade, pitoresca e tradicional.

    Chegamos na sexta-feira a noite, com gente vindo do Paraná, de Santa Catarina, e de vários pontos do Rio Grande. Era um encontro de velhos amigos de segundo grau. Depois de uma viagem, esticada para alguns, tranquila para outros do grupo, nada melhor do que um sopão peculiar pra recuperar o ânimo. A dica da chegada noturna é o Zuppa, no centro da cidade. A sopa de mandioquinha é a melhor.

    Na manha seguinte o menu principal da viagem: Os cânions gaúchos. Optamos por iniciar com o Fortaleza, o maior, menos famoso, e com menos (ou nenhuma) infraestrutura. São três trilhas no Fortaleza, que tem 7,5 Km de extensão e chega a ter 900 metros de altura. É um gigante!

    A estrada até o cânion é horrível, e são mais de 20 km. Não se enganem com o bom trecho em asfalto, é ruim mesmo quando começa o trecho de chão batido. Não precisa 4×4, mas seu carro pode sair de lá com alguns grilos. Muita pedra solta, e muitos trechos bem complicados. Sim, dá pena do carro, sim.

    Superada a etapa da estrada, a primeira das trilhas é a Trilha do Mirante. São 3 Km (ida e volta) morro acima. Tem uma estradinha, algumas pedras soltas, mas nada demais. Trilha fácil para toda a família.

    Mas apesar de fácil, a trilha é aberta, pega sol (ou chuva) direto, e oferece uma vista de quase todo o cânion. No topo da trilha um platô de pedra se oferece para um stop de contemplação. Com sorte você encontra um grupo guiado, e pega carona nas informações.

    Lá de cima também é possível ver parte da planície catarinense e parte do litoral gaúcho. Pegamos o tempo completamente limpo. E quente, muito quente. Vista 100% aberta, pra nossa sorte. É importante cuidar bastante a previsão do tempo, porque se der azar, pega a vista fechada, inclusive dos cânions!

    O Rio da Pedra acompanha o cânion lá embaixo, um charme extra ao desfiladeiro. No Fortaleza não existe muita sinalização, e nem mirantes como no Itaimbezinho, então é importante ficar atento para não perder vistas como essa abaixo, que aparecem sem nenhum aviso prévio durante a trilha.

    A segunda e a terceira trilha se confundem e se completam. Na primeira parte temos a Trilha da Cachoeira do Tigre Preto. Mais uma vez são 3 Km ida e volta, mas essa trilha tem trechos protegidos por árvores, o que é um excelente pedida em um dia quente e ensolarado como o que pegamos, e trechos de pedras e de subida. É uma trilha mais típica, que alterna bastante o terreno. Mas não é difícil. Tinha crianças no grupo e tiraram de letra. Essas trilhas ficam na estrada, fique esperto nas placas.

    Nessa trilha é necessário atravessar o Tigre Preto para ver a cachoeira de frente, o que é possível pulando de pedra em pedra. É tranquilo, mas não precisa fazer isso na borda da cachoeira, como vi muitos fazendo. Pedra molha é pedra molhada… Mas, não chega a ser perigoso, tendo uma boa dose de bom senso. A queda d`água tem 400 metros, e vale muito a pena a caminhada.

    Para finalizar o Fortaleza, é só seguir mais um pouco na Trilha da Cachoeira do Tigre Preta para completar a Trilha da Pedra do Segredo. Não é longe, mas também não chega a ser uma pedra fenomenal. Quase vale mais a pena ir nessa trilha pela vista adicional do Fortaleza, do que propriamente pela Pedra do Segredo. A pedra é um bloco monolítico de 30 toneladas, com 5 metros de altura, que até nem parece tão grande do ponto em que é permitido observar ele. O que chama a atenção mesmo é a base dessa pedra, que só tem 50 cm…

    O Fortaleza acaba levando um pouco mais de um turno, e se o perfil for de curtir e contemplar realmente a vista, pode tomar quase o dia todo. Parte do nosso grupo nem fez as duas últimas trilhas. Naturalmente que segui todas elas.

    Depois de uma bela puxada no sol, era hora de repor as energias. E Cambará tem uns restaurantes bem típicos, preparados para o pessoal de fora do estado que quer conhecer um pouco da tradição local. E se viram muito bem nessa tarefa.

    O Casarão foi a nossa opção do dia. Tem opções com truta ou o galeto com uma comida caseira e italiana. Não chega a ser barato, mas pela quantidade de pratos e pelo porte da casa ele se paga. As instalações são rústicas e super interessantes. Pode parecer estranho o comentário, mas a visita ao banheiro é obrigatória! Prove o doce de banana da sobremesa, e a polenta com queijo servida na pedra. Agora, a cidade tem outros tão bons restaurantes quanto, e com valores mais compatíveis.

    No resto da tarde a turma da cavalgada optou por locar cavalos na pousada e dar uma circulada pela região. Acabaram encontrando cachoeiras e lugares muito bonitos. Mas eu não estava lá. Cavalgar ficou para outro dia. Hoje vamos ficar mesmo com as imagens do poderoso Fortaleza na mente.

    Falando em outro dia, depois do churrasco da noite, das mentiras de acampamento (esse não foi um acampamento, mas a turma era a tradicional de muitos anos de acampamentos), e da falta de fogueira (não, não teve como fazer fogueira na área da pousada), a noite passou e o sol mais uma vez chegou. Era dia de voltar ao Itaimbezinho. Mas aí, já é outro post… Bem aqui.

    Links Úteis:

    Cambará On Line

    Cambará Turismo

    Canyons do Sul

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