Hoje vamos dar um tempo na europa, e falar de pratas da casa. Algumas semanas atrás visitei Cambará do Sul e o Itaimbezinho pela segunda vez, e o grandão Fortaleza pela primeira vez. É uma das lindas rotas pela serra gaúcha, e quem gosta de turismo ecológico, contato com a natureza, não pode perder de fazer essas trilhas. A base do passeio foi Cambará do Sul, uma pequena cidade vizinha dos cânions. Cambará tem pouco mais de 6 mil habitantes e é uma das cidades mais frias do estado. Mas pegamos um fim de semana com um calor de rachar!

Por lá existem várias pousadas, para todos os gostos, e pra todos os bolsos. No site Cambará On Line tem todas as possibilidades. Como fomos em vários casais alguns com crianças, optamos por fechar uma pequena pousada de cabanas que ficasse exclusiva pra nós. Sem luxo, mas bastante funcional. Como quase tudo na cidade, pitoresca e tradicional.

Chegamos na sexta-feira a noite, com gente vindo do Paraná, de Santa Catarina, e de vários pontos do Rio Grande. Era um encontro de velhos amigos de segundo grau. Depois de uma viagem, esticada para alguns, tranquila para outros do grupo, nada melhor do que um sopão peculiar pra recuperar o ânimo. A dica da chegada noturna é o Zuppa, no centro da cidade. A sopa de mandioquinha é a melhor.

Na manha seguinte o menu principal da viagem: Os cânions gaúchos. Optamos por iniciar com o Fortaleza, o maior, menos famoso, e com menos (ou nenhuma) infraestrutura. São três trilhas no Fortaleza, que tem 7,5 Km de extensão e chega a ter 900 metros de altura. É um gigante!

A estrada até o cânion é horrível, e são mais de 20 km. Não se enganem com o bom trecho em asfalto, é ruim mesmo quando começa o trecho de chão batido. Não precisa 4x4, mas seu carro pode sair de lá com alguns grilos. Muita pedra solta, e muitos trechos bem complicados. Sim, dá pena do carro, sim.

Superada a etapa da estrada, a primeira das trilhas é a Trilha do Mirante. São 3 Km (ida e volta) morro acima. Tem uma estradinha, algumas pedras soltas, mas nada demais. Trilha fácil para toda a família.

Mas apesar de fácil, a trilha é aberta, pega sol (ou chuva) direto, e oferece uma vista de quase todo o cânion. No topo da trilha um platô de pedra se oferece para um stop de contemplação. Com sorte você encontra um grupo guiado, e pega carona nas informações.

Lá de cima também é possível ver parte da planície catarinense e parte do litoral gaúcho. Pegamos o tempo completamente limpo. E quente, muito quente. Vista 100% aberta, pra nossa sorte. É importante cuidar bastante a previsão do tempo, porque se der azar, pega a vista fechada, inclusive dos cânions!

O Rio da Pedra acompanha o cânion lá embaixo, um charme extra ao desfiladeiro. No Fortaleza não existe muita sinalização, e nem mirantes como no Itaimbezinho, então é importante ficar atento para não perder vistas como essa abaixo, que aparecem sem nenhum aviso prévio durante a trilha.

A segunda e a terceira trilha se confundem e se completam. Na primeira parte temos a Trilha da Cachoeira do Tigre Preto. Mais uma vez são 3 Km ida e volta, mas essa trilha tem trechos protegidos por árvores, o que é um excelente pedida em um dia quente e ensolarado como o que pegamos, e trechos de pedras e de subida. É uma trilha mais típica, que alterna bastante o terreno. Mas não é difícil. Tinha crianças no grupo e tiraram de letra. Essas trilhas ficam na estrada, fique esperto nas placas.

Nessa trilha é necessário atravessar o Tigre Preto para ver a cachoeira de frente, o que é possível pulando de pedra em pedra. É tranquilo, mas não precisa fazer isso na borda da cachoeira, como vi muitos fazendo. Pedra molha é pedra molhada... Mas, não chega a ser perigoso, tendo uma boa dose de bom senso. A queda d`água tem 400 metros, e vale muito a pena a caminhada.

Para finalizar o Fortaleza, é só seguir mais um pouco na Trilha da Cachoeira do Tigre Preta para completar a Trilha da Pedra do Segredo. Não é longe, mas também não chega a ser uma pedra fenomenal. Quase vale mais a pena ir nessa trilha pela vista adicional do Fortaleza, do que propriamente pela Pedra do Segredo. A pedra é um bloco monolítico de 30 toneladas, com 5 metros de altura, que até nem parece tão grande do ponto em que é permitido observar ele. O que chama a atenção mesmo é a base dessa pedra, que só tem 50 cm...

O Fortaleza acaba levando um pouco mais de um turno, e se o perfil for de curtir e contemplar realmente a vista, pode tomar quase o dia todo. Parte do nosso grupo nem fez as duas últimas trilhas. Naturalmente que segui todas elas.

Depois de uma bela puxada no sol, era hora de repor as energias. E Cambará tem uns restaurantes bem típicos, preparados para o pessoal de fora do estado que quer conhecer um pouco da tradição local. E se viram muito bem nessa tarefa.

O Casarão foi a nossa opção do dia. Tem opções com truta ou o galeto com uma comida caseira e italiana. Não chega a ser barato, mas pela quantidade de pratos e pelo porte da casa ele se paga. As instalações são rústicas e super interessantes. Pode parecer estranho o comentário, mas a visita ao banheiro é obrigatória! Prove o doce de banana da sobremesa, e a polenta com queijo servida na pedra. Agora, a cidade tem outros tão bons restaurantes quanto, e com valores mais compatíveis.

No resto da tarde a turma da cavalgada optou por locar cavalos na pousada e dar uma circulada pela região. Acabaram encontrando cachoeiras e lugares muito bonitos. Mas eu não estava lá. Cavalgar ficou para outro dia. Hoje vamos ficar mesmo com as imagens do poderoso Fortaleza na mente.

Falando em outro dia, depois do churrasco da noite, das mentiras de acampamento (esse não foi um acampamento, mas a turma era a tradicional de muitos anos de acampamentos), e da falta de fogueira (não, não teve como fazer fogueira na área da pousada), a noite passou e o sol mais uma vez chegou. Era dia de voltar ao Itaimbezinho. Mas aí, já é outro post... Bem aqui.

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