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    A Peste de Buda. Já vimos lá, no primeiro post da capital húngara, que Budapeste é formada de três cidades. Uma delas, é Peste. É o lado plano da cidade, de certa forma um pouco mais bagunçado, mas mais agitado, e também o lado pulsante da cidade. É nos arredores do “Parque da Cidade” que se encontram muitos bares e bistrôs. Boa parte de Városliget, inclusive o monumento principal acima, foi construído para a Exposição do Milênio, em 1896 para comemorar os mil anos da chegada dos Árpád na região de Budapeste.

    Saindo da região central de Peste, a charmosa Andrassy é a avenida que leva aos arredores do parque. Toda a avenida é muito charmosa, larga e extensa, é um dos endereços mais refinados de Budapeste. É na Andrassy que fica a lindíssima Ópera, junto com vários restaurantes, lojas e teatros. Ali também ficava a sede da polícia secreta comunista, a ÁVO, cujas instalações hoje são ocupadas por um museu dedicado ás práticas comunistas, conhecido como a “Casa do Terror”.

    A belíssima Opera de Budapeste data de 1884, em estilo neorrenascentista tem um interior super luxuoso, do tempo em que dinheiro não era problema por aqueles lados. A parte externa não é tudo isso, mas o interior realmente impressiona. Existem passeios guiados (às 15 e 16h) para quem quiser conhecer a Ópera por dentro sem assistir a alguma peça. As apresentações são subsidiadas, então não chegam a ser caras. Para quem quiser só espiar o interior, a bilheteria funciona das 11 às 17, e dá pra ter uma ideia do que é essa linda edificação.

    Em Budapeste se fala que a Andrassy é a Champs da Hungria. Bem, boa parte dos países da europa falam algo parecido, de suas ruas mais charmosas. É uma referência, claro. Embora não ache a Champs a mais charmosa de Paris. Bem pelo contrário. Virou um mercado público de movimento. Enfim, a Andrassy é larga, realmente charmosa, mas tem poucas lojas, pelo tamanho dela. É muito bonita, e exige uma calma caminhada por vários trechos. Ao contrário de boa parte da cidade, é super linda e mais cuidada que o normal em Peste. Mesmo assim, ainda tem muita coisa merecendo uma reforminha.

    Ao final da Andrassy chegamos na lindíssima e imponente Praça dos Heróis. A área é super ampla, e abre alas para o também lindíssimo Parque Városliget. O monumento do milênio é gigantesco, imponente e lindíssimo. Por boa parte da europa temos esse tipo de monumento, mas esse realmente se destaca. É realmente grandioso e lindíssimo. De cada lado do monumento, uma homenagem à arte, abaixo.

    De um lado o Museu de Belas Artes, que guarda a maior acervo de arte internacional da Hungria. Desde Goya até El Greco. Como essa região além de várias atrações é bem extensa, reserve pelo menos um turno pra não ter que correr muito.

    Do outro lado do monumento, bem em frente ao Museu de Belas Artes fica o Kunsthalle, o “mercado da arte” de Budapeste. É por aqui que aterrizam exposições temporárias e concertos. O prédio a edificação de 1895 é até mais bela (de fachada) do que o Museu de Belas Artes.

    Seguindo através do monumento, vamos chegando ao Parque da Cidade, que já de cara nos recepciona com um belo logo e lindas edificações. A avenida é bem movimentada, dá um certo trabalho atravessar a rua. Antes mesmo de entrar no parque já se tem uma belíssima vista do Vajdahunyad Castle. Confesso que foi até bem surpreendente. Esperava um castelo comemorativo, mas ele é uma obra que visa representar a evolução da arquitetura húngara em uma só edificação.

    Renascentista, gótico, barroco, e romântico, cada parte do castelo remete a uma edificação importante, e representa mais de vinte pontos de interesse húngaros. Não é aberto a visitação, salvo o Museu da Agricultura, na ala barroca. A entrada é paga.

    Já na entrada do parque a beleza mostra sua face. Tudo bem cuidado e limpo, o pórtico de entrada já anuncia a mistura dos estilos de construção. É realmente muito interessante, mas a questão de não abrir para visitação diminui o tempo necessário para visitar o castelo.

    Em quase todos os pontos belas fotos se anunciam. O castelo é bem ornamentado com uma vegetação compatível e bem cuidada. Não encontramos muito movimento no meio da tarde de um dia de semana, mesmo com um lindo sol e temperatura agradável de primavera.

    Já na entrada a super simpática igreja impressiona. É pequena, estava fechada, mas com uma belíssima fachada. O parque tem essa primeira região de edificações próximas ao castelo, mas mais adiante fica mais verde, ideal para caminhadas.

     

    Não ficamos nesta região durante a noite, então não sei se fica aberto e como é a segurança por ali, mas certamente é um local que bem iluminado seria lindíssimo! A exemplo de outras cidades do leste, Budapeste também parece ter sido preparada para estar sempre linda a noite.

    A parte interna do castelo reserva alguns monumentos e belas estátuas de bronze, que ainda aparecem espalhadas pelo parque compondo um interessante e diferente visual. Algumas obras em madeira, mais provocantes como serpentes também podem ser encontradas. Budapeste tem sim essa questão provocadora, questionando sua própria imponência.

    Como a nossa trip pela europa foi bem extensa, elegemos algumas cidades para ver museus, e outras simplesmente passamos batidos por eles. Como Paris estava na lista das visitadas, Budapeste ficou de fora das cidades eleitas para visitar museus e galerias de arte. Até porque, o melhor de Budapeste está nas fachadas, monumentos externos, e principalmente na margem do Danúbio.

    O sinistro Anonymus parece bem solitário, mas para fazer essa foto foi necessária quase meia hora esperando uma professora pendurar uma dúzia de alunas nos braços da estátua, uma após a outra, sem nem mesmo olhar para a fila enorme de turistas que se formava. É a tal da educação húngara, que se fez ausente mais uma vez. Tive me jogar na frente da turma em uma troca de “modelos”, ou passaria a tarde inteira esperando os educados brincar a vontade no monumento.

    Na saída do parque, a maior termas da Hungria, a imponente Termas Szechenyi. Acabamos não caindo na água, então só entramos na recepção e numa primeira parte interna. Os banhos podem ser por dia ou por hora, e não chegam a ser caros. Mas aí já é programa para um dia inteiro. E se for pra entrar, o Geller certamente é mais luxuoso e famoso.

     

    Acima uma pequena amostra da ornamentação e beleza das termas de Budapeste, uma das atividades mais tradicionais e peculiares da cidade. E assim encerramos mais um texto dessa interessante e fotogênica cidade, que ainda tem muito mais para mostrar. Nos próximos artigos, vamos ao centro da Peste, ao Castelo de Buda e a região da Geller e Cidadela. Ainda tem muita Budapeste para mostrar!

    Mais de Budapeste:
    Post I , Budapeste Post III, Budapest Post IV
    Fotos: Arquivo Pessoal.

    Música clássica. Essa é a trilha sonora de Viena. Não por acaso. Tudo na capital da Áustria sugere o clássico e o imponente. Então, nada melhor pra começar o terceiro e último artigo sobre Viena, do que Johann Strauss, que toca sua valsa eterna no Stadtpark. Já falamos desse parque, é aquele em que pessoal culto, bem vestido e cheio de joias lê ao lado de sem tetos dormindo em bancos. Ao som imaginário de Strauss, claro.

    E lá eles perdem a noção do tempo. Se jogam na grama, alguns seminus, ao sol da primavera e do verão. São regidos apenas pelo relógio acima, lindo e florido, que assiste a tudo isso enquanto conta os seus clássicos minutos, as suas imponentes horas, sempre pontual e bem acompanhado pelo gênio da valsa, que fica logo ali. Ao lado dele.

    Pelo centro todo vienenses caracterizados oferecem entradas para apresentações de música clássica, várias vezes na semana. Em casas de concerto, ou na Opera (abaixo), Viena respira música e sopra elegância em todos os sentidos. Faz sentido caminhar sem destino no centro de Viena, logo após finalizar os pontos de parada obrigatórios. Porque a cidade é entendida como vista como um todo. Não são apenas monumentos aqui, e atrações ali. Viena e um conjunto. Como uma orquestra, vai nos mostrando pouco a pouco tudo o que tem para oferecer.

    A histórica Ópera Estatal de Viena, foto acima, data do século XIX, e tem sua companhia de opera. Fica bem no centro, e faz cerca de 200 espetáculos por ano. O prédio em si não chega a ser tão poderoso quanto outras operas europeias, mas é uma bela edificação.

    Também é na região central que fica o Volksgarten, um parque que faz parte do Hofburg, foi construído sobre as fortificações da cidade destruída por Napoleão, e é famoso pelo seu jardim das rosas, e pelo templo de Teseu, da foto acima. É um parque grande, cercado por atrações de grande porte, e que reserva uma agradável caminhada para quem não está com pressa.

    Como toda cidade que viveu a guerra, Viena também tem o seu memorial em homenagem a soldados. Este memorial, muito parecido com vários outros pela europa, homenageia os 17 mil soldados soviéticos que tombaram na Segunda Guerra Mundial na batalha de Viena. O memorial fica na Schwarzenbergplatz, e uma boa pedida é passar por lá na volta do Belvedere. Interessantes edificações estão nas redondezas.

    Voltando ao centro da cidade, para a região do Hofburg, uma visita obrigatória é a Galeria Albertina, um museu de arte. A galera funciona em um prédio Neoclássico, adaptado de construções mais antigas. Uma das suas fachadas bem trabalhada tem uma fonte em um dos pontos de mais movimento turístico no centro.

    Subindo na parte superior da Albertina, se tem uma vista interessante de muitos edifícios históricos imensos, e do parque Burggarten. É um local pra uma parada estratégica, já que provavelmente a caminhada foi longa por todas as atrações que a microrregião oferece. O posto de informações turísticas é bem em frente, mas bem inútil. Praticamente se limita a distribuir propagandas de passeios de operadoras, sem ajudar o turista a se virar por conta. É perda de tempo.

    Claro que na região o melhor lugar para descansar é mesmo dentro do parque Burgarten, que com dia bonito está repleto de vienenses, turistas, estudantes, enfim. Super agradável, cercado de atrações por todos os lados, é um excelente refúgio verde em pleno centro de Viena.

    Entre outras presenças, Mozart é um ilustre convidado do parque, se revelando na musical Viena, em meio ao verde. Viena joga muito bem com seus palácios, jardins e parques, alternando possibilidades de caminhadas com agradáveis e verdes paradas, com uma população sempre disposta a se jogar na grama, saudosa que certamente fica de sol, após os meses de rigoroso inverno.

    Saindo do centro em direção a Karlsplatz. O portal de entrada dessa praça é uma antiga estação, que ia ser demolida, mas a população interveio, e hoje ela é um ponto de interesse bem simpático. Não é tão perto, então se for caminhando do centro pode faltar fôlego pra percorrer a área. Fizemos isso. Não aconselho. O melhor é pegar um metrô.

    A igreja de St Charles’s tem presença, e ares diferentes. Fica no parque, mas não chega a ser uma área muito nobre. Contudo, é rodeada de verde e um bom lugar para uma caminhada descontraída.

    Seguindo nas redondezas, museus e prédios interessantes dão o tom que se mantém em toda Viena: Prédios clássicos, sóbrios, bem conservados e imponentes em todos os lados, ruas impecavelmente limpas, seguras e organizadas. O povo sóbrio, com um padrão de comportamento acima da média de educação até pra europa, completa o agradável passeio por Viena.

    Um dos edifícios mais lindos de Viena é o Rathaus, um antigo palácio que hoje é a prefeitura da cidade, e sede do conselho municipal. Em estilo gótico, o Rathaus impressiona de longe e de perto. Dentro há um restaurante, o Wiener Rathauskeller, que  serve iguarias tradicionais vienenses. Em frente fica  o teatro Burgtheater, e atravessando o Rathausplatz, você encontra o Parlamento.

    Assim como em vários importantes palácios, igrejas e pontos turísticos, por toda a europa, algum evento acaba atrapalhando as fotos com suas tendas brancas, estruturas e guindastes. Neste edifício em particular, essa intervenção doeu no coração do turista aqui.

    O parque que acompanha o Rathaus é lindíssimo, florido, ornamentado e bem cuidado. É um dos mais charmosos pra uma caminhada, existem esculturas espalhadas, bancos de estilo em toda parte e muito bem frequentado. Bom, todos os lugares de Viena são muito bem frequentados. Dedique um tempo sem pressa para essa microrregião.

    A Votive Church também estava em temporada de restauração, mas mesmo assim era possível entrar. Uma belíssima igreja, dentro e fora. Torres bem trabalhadas, telhado colorido e um lado interno um pouco mais sombrio do que o habitual.

    Ainda afastado do centro, está a estátua de Beethoven, praticamente jogada em uma praça sem graça, sem nenhum cuidado adicional. Era até um local meio largado, em frente a uma avenida movimentada, sem clima algum. Se quiser visitar, saiba que é só pra fazer o click abaixo. Nada mais. Foi uma das poucas atrações de Viena que decepcionou.

    O lado bom de fazer Viena caminhando, se tiver tempo pra isso (ficamos lá quatro noites, o que permitiu abstrair a pressa e a necessidade de fazer tudo voando), é que muito da cidade é a própria cidade. Então que você acaba topando com belos edifícios, várias igrejas de arquiteturas e influências variadas, e sente a cidade e vida vienense como ela é.

    Como toda capital europeia, Viena é repleta de igrejas, que não deixam de ser um registro vivo de todos os tempos e influências vividas pela cidade. Isso ganha importância quando é uma cidade envolvida em várias e importantes guerras, porque as igrejas são sempre as últimas a serem derrubadas. Aí o registro dos tempos permanece. O estado de conservação de todas elas impressiona, os antigos e pesadíssimos bancos de madeira, os órgãos, os detalhes, pinturas e vitrais.

    Depois de circular a cidade, vamos voltar mais uma vez ao centro. Existem pelo menos umas 3 ou 4 ruas principais, repletas de fortíssimo comércio e movimento, com bares que servem até comida no meio das ruas de pedestres, com uma proposta bem interessante. Lojas de toda sorte, mas com um padrão de preços europeu, nem mais, nem menos, sem barbadas e sem assaltos, salvo é claro, as mega griffes.

     

    O grande marco da rua principal é a St Stephan. É ao redor dela que tudo acontece. Na frente um exército de turistas, muitos com guias, se misturam e se dispersam pela grande via destinada aos pedestres. É uma das catedrais góticas mais antigas da europa, imponente e mesmo cercada pelo centro mantém sua força, porte e seu estilo.

    O interior da catedral fica todo colorido sob o efeito do sol, não só a nave principal é lindíssima, como as laterais são riquíssimas em adornos e esculturas. É aberta ao pública, mas o centro da nave principal é protegido por grades. Nem precisa dizer que é parada obrigatória, porque certamente você irá passar na frente dela diversas vezes durante a estada em Viena.

    Em total contraste com a catedral, e também quase em frente, inclusive refletindo a própria igreja em sua fachada espelhada, está o Haas Haus. Foi construído entre 85 e 90, e certamente a ideia era justamente causar absoluto impacto no coração do centro histórico de Viena. Uma edificação emblemática, pela sua própria arquitetura, mas principalmente pela sua localização, absolutamente ousada e provocante.

    Na tardinha inúmeras bancas/casinhas abrem suas portas para oferecer todo tipo de produto, especialidades, comida e bebida principalmente para os turistas. É uma feirinha bem diversificada e bem movimentada. Não sei se é padrão, mas tinha inclusive um carrossel (sim, de parque de diversões mesmo) por lá.

    Alguns calhambeques divertidos oferecem lanches e especialidades, também no meio da rua, também quase em frente da majestosa catedral. Ali você fica sabendo dos espetáculos de música clássica, compra os ingressos e acompanha a movimentação da massa turística. Por incrível que pareça, o “sorvete seco” dos calhambeques é uma delícia!

    Já se despedindo de Viena, aí sim numa localização mais afastada que exige uma belíssima caminhada, está a Catedral Russa. Claro que tem uma arquitetura diferente, é linda, é possível entrar, embora com todo cuidado, respeito e silêncio, porque definitivamente não é um lugar turístico. Mas aconselho a visita somente pra quem gosta de igrejas, ou da cultura russa, ou está lá por perto por outro motivo. Ir exclusivamente pra ver ela, talvez não valha a pena. É realmente afastada do circuito.

    Pra fechar a capital austríaca, o Ankeruhr, relógio que a cada hora mostra uma figura histórica, e ao meio-dia toca música. O local é conhecido como Hoher Markt, tem ótimas sorveterias por perto e é coladinho na rua principal. Não chega a ser poderoso como o relógio de Praga, mas é uma bela obra.

    Com isso encerramos Viena. uma cidade que nos surpreendeu positivamente em praticamente todos os aspectos. Muito ouvi que Viena é chata, cara, tem pouco o que ver, enjoa, o povo é ríspido… Enfim. Talvez tenhamos tido toda a sorte do mundo, talvez já tenhamos chegado com expectativa baixa, mas o fato é que nessa mesma viagem passamos por França, Bélgica, Eslováquia, e Hungria, e mesmo com esses fantásticos países a bordo do mesmo momento, Viena foi um sucesso completo! Pegamos um maio ensolarado, com bastante vento, é verdade, mas quente, agradável, com atrações que preencheram com facilidade quatro noites bem aproveitadas, muitas horas de caminhadas, palácios impressionantes, um povo educado e sóbrio, a limpeza e organização mais contundente da trip, e um conjunto da obra na medida. Valeu Viena!

    Mais de Viena, aqui e aqui.

    Imagens: Arquivo Pessoal
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