Viena, Áustria. Post I - A Cidade como ela é.

Lembra daquela descrição, daquelas características, daquela velha imagem da europa que todo mundo no Brasil tem, antes de embarcar rumo ao velho continente? Lembrou? É meio que um estereótipo, uma expectativa, algo que a gente espera, mesmo. Mas não é bem assim. São poucas as cidades que cumprem o que prometem, e realizam o velho anseio de se sentir de fato no primeiro mundo, do velho mundo. E assim é Viena. Limpa, segura, com ares aristocráticos, organizada, funcional, imponente, e clássica, muito clássica. Tudo o que você espera da Europa, mas demorou uns 5 países pra encontrar. É Viena. Se na Europa em geral já sentimos uma enorme diferença estrutural em relação ao Brasil, em Viena tudo fica mais evidente. Grita, berra. Você sabe que chegou ao primeiro mundo. Do velho mundo.

Viemos de Bratislava com a melhor escolha possível, de barco com o Twin City Liner. Barco rápido e confortável, oferecendo uma vista linda e chegando a 300 metros do nosso hotel. Essa parte da distância do hotel foi pura sorte, só soube disso já dentro do barco. Chegamos em um dos braços do Danúbio que passa pelo centro de Viena. Porque não é o leito principal. Só um bracinho dele. Nos primeiros passos na capital austríaca já se pode sentir a diferença de padrão, mesmo em comparação aos outros países europeus que já havíamos passado, nessa viagem e em outros tempos. A recepção no hotel foi o resumo do tratamento recebido na cidade. Sempre muito educados, os austríacos recebem realmente muito bem. São até simpáticos, mas ainda sim um pouco mais distantes do que estamos acostumados. De qualquer forma, a educação impera e é muito fácil se virar por lá. A informação vem precisa sempre que solicitada, é verdade, mas não se vende sorrisos muito barato não. Mas nada que atrapalhe ou sugira antipatia, que fique bem claro.

A estada em Viena foi sem pressa. A ideia de ter mais tempo do que o indicado em cada cidade, para entrar no clima dos locais, nos levou a deixar 4 noites reservadas para Viena. E sem pressa fica bem melhor, apesar de não ser uma cidade difícil de percorrer, muito menos no circuito turístico. Tem muita atração concentrada, e só mesmo os palácios que exigem maior movimentação. Tudo atendido perfeitamente pelo metrô. Ao contrário do que esperávamos, os preços estavam dentro do padrão das outras cidades. Muito se fala que Viena é cara. Não sentimos isso por lá. Muito menos saímos achando ela "chata", como se escuta bastante. O que impressiona em Viena, além da imponência e classe, é a organização e a limpeza. As ruas são impecáveis, as estações do metrô são espelhos, e nem catracas são usadas. Aliás, acabamos passando direto na primeira vez que entramos no metrô, tivemos que sair na estação seguinte pra validar o ticket. A confiança é que o povo, educado e honesto, pague a passagem sem ser solicitado. Fico imaginando isso por aqui...

A cidade tem muitos pontos turísticos, suficientes pra te manter ocupado tranquilamente uns 3 dias, sem correria. Mas toda ela é um charme, a cidade como um todo. As edificações são imponentes, muito parecidas e remetem a um passado de glória e bonança. A segurança é total. Em nenhum momento vivemos algum nível de insegurança em Viena. Ao contrário de Paris, que diversas vezes você se sente vigiado. Um dos principais parques da cidade, o Stadtpark, que fica bem no centro, mostra um pouco dessa segurança. Lá você encontra morador de rua dormindo no banco da praça com seus badulaques, e senhoras de 80 anos de idade super bem arrumadas, lendo seus livros tranquilamente ao lado do morador de rua. A sensação é que nada violento acontece em Viena. A única malandragem que presenciamos foi o tiozinho que cuida dos banheiros do Belvedere. Você deposita a moedinha na porta, e entra. Mas ele chegava todo agitado, falando sabe-se lá que língua, pegava sua moeda, abria a porta e não depositava a moeda em lugar nenhum. Chegava a ser engraçado, mas enfim. Foi a única malandragem que presenciamos por lá.

O metrô é mais carinho do que na média das outras cidades, 2 euros por ticket, mas muito fácil de usar e impecável, tanto nas estações, quanto nos vagões. Tem lindos e charmosos bondes elétricos que circulam por toda a cidade, e no centro histórico dezenas de charretes disputam os turistas pra uma volta de 50 euros. Não vimos necessidade de pegar ônibus turístico do tipo hop on hop off, já que a parte histórica da cidade se pode fazer a pé ou de metrô. Caminhando se faz quase tudo. Só os palácios é que chamam por transporte. Mesmo assim, serão muitos quilômetros caminhados por dia, vá preparado. Como muito da cidade é a própria cidade, evitar o inverno ajuda muito.

Outro mito sobre Viena é que as lojas são caras. Não são. Ou, a Europa inteira é que está cara. E provavelmente está mesmo. Ainda mais quando comparada ao Tio Sam. Mas o fato é que foi mais fácil comprar em Viena do que em Paris, e os preços foram equivalentes às demais cidades. Não vimos muitas promoções, mas no normal, os preços se equivaleram. Pra ver grifes, vá na Steffl, bem no centro. Tem também o Shopping Ringstrassem, também bem central. Marcas italianas estão espalhadas pelas lojas locais, além das próprias concentradas perto do Hofburg. Já as lembranças da cidade saem um pouco mais caras do que nas outras cidades. A alimentação tem preço similar. Chegamos a almoçar em restaurante dentro do Schonbrunn, e custou o mesmo que nas demais cidades, em qualquer restaurante normal.

A hospedagem sim é um pouco mais cara, se quiser ficar próximo ao centro. Facilita, embora o metrô seja super eficiente. Ficamos em um Mercure central, e achamos excelente negócio. Reservar com antecedência ajuda bastante. Muito ouvi que Viena é chata. Não achei, mas entendi. Uma das maiores diferenças com relação a Paris, por exemplo, são os bares e cafés. Mesmo com frio e chuva, todos em Paris são lotados desde manhã até a noite. No bairro que for. Já em Viena, não é assim. De dia o charme não é o mesmo, o clima não é o mesmo. Tudo parece mais rígido. E de noite, todos somem das ruas rapidamente. Os cafés são bonitos, mas falta o charme parisiense. Viena não tem aquele agito noturno, nem a menor pinta de cidade boêmia. Em compensação, durante o dia, em cada edificação, praça, jardim, palácio, rua... Viena sobre em charme, imponência e classe.

Mais de Viena, aqui, no Post II.

Imagens: Arquivo Pessoal.