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    A entrevista

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    E essa foi no carnaval.

    Lá na Interiorlândia, nosso grupo tinha um bloco de carnaval muito atuante. Era bacana. Chegou a ter mais de 400 personagens. Sim, personagens, né. Nas pequenas cidades as coisas vão acontecendo assim, mais facilmente, vocês sabem… E então o bloco tinha uma entrevista para dar na rádio local. Foi convocado o presidente, o Vinpresidencial, que levaria mais alguns personagens para o evento. Uma comissão.

    Estariam lá, na emissora local mas bastante ouvida, outros tantos representantes de blocos concorrentes. Naquela época, nos interiores por aí, carnaval era festa grande. Não se ia para a praia molhar o pé na água gelada não. O povo todo voltava para a cidade curtir aqueles dias. Então sim, era um evento bem relevante, o tal carnaval. A entrevista então, foi repassada aos convidados como um compromisso importante, e que não deveria de forma alguma contar com atrasos, pois o programa era ao vivo e cronometrado.

    A entrevista era em um sábado de manhã, e conhecido por algumas peripércias eventuais e clássicas, um dos convidados mais antigos do nosso bloco teve recomendações especiais para que não se colocasse em situação de atraso. Mesmo assim, a comissão responsável pela agenda do bloco sugeriu que o personagem fosse recolhido em sua casa antes do evento. Não poderiam haver atrasos, e nem uma equipe desfalcada, já que mesmo nas entrevistas de rádio a rivalidade das agremiações esquentava o clima.

    Então, no sábado de manhã, a comissão cumpriu a agenda e foi recolher o convidado em casa. Como eram todos muito amigos, o Vinpresidencial chegou e já foi adentrando casa e quarto do colega. Então ele pula da cama, acordando de sono profundo, totalmente vestido, a rigor e inclusive com sapato… Mostrando que mais alerta que ele, não havia ninguém! Pulou da cama e já foi se dirigindo à porta do quarto, em posição de “viram só seus panacas”. Duvidou naquele momento, e desafiou a quem se mostrasse contra, a provar quem entre toda a comissão dormira mais em alerta que ele!

    Tive que concordar. Mais alerta que ele, definitivamente não havia… Imaginei ele na véspera de um curso de mergulho, que também tem hora marcada…

    As escadas vão rolar..

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    De certa forma estava ansioso, não posso negar. Afinal de contas, era um território novo, pessoas novas, casa nova… Eu e meus 16 anos no primeiro dia de cursinho.

    Chovia. Recomendações, lotação, e chegava eu ao cursinho. Na verdade uma revisão de menos de 30 dias, antes do vestibular. Um dos meus melhores amigos estaria na mesma sala. Viemos os dois lá da Interiorlândia, direto para a Capitolândia do Estado. Na Capitolândia é que estava a maior e melhor universidade do estado, uma das melhores do país também. Queríamos nosso lugar por lá. Mas chovia… Nossa sala era na matriz do cursinho, no centro. Mas tinhamos que subir uma escada, grande, alta, estreita…

    A aula foi boa. Mais do que revisar a matéria, serviu para transmitir confiança. Apesar de um segundo grau muito forte, numa escola aplicação de uma universidade local, com aula em turno integral e média 8,0… Tínhamos medo. Conquistar uma vaga na toda poderosa Universidade Federal da Capitolândia era uma tarefa muito difícil. Mas tinha muito Capitalino falando besteira na aula. Dava pra encarar a concorrência. A moral subiu. A aula andou e terminou.

    Saímos eu e meu grande amigo, Cresponildo, falantes, animados, olhando tudo e comentando tudo e mais um pouco. Então veio a escada. Molhada, alta, de ferro, lisa, imponente e traiçoeira. Todas as salas do cursinho liberavam ao mesmo tempo, não menos de 500 alunos circulavam no pátio do cursinho. Atentos, curiosos, afinal era o primeiro dia de aula!

    Aí rolou. Rolou magnificamente. Não dois ou três degraus. Rolou quase toda escada. Parte de bunda. Parte rolando. Que tombo! Que “pialo”! A escada de metal proporcionava uma trilha sonora para o movimento ora de bunda, ora com movimentos de rolagens que não cessavam… 500 olhares que oscilavam entre a surpresa e o riso se voltavam para a movimentação, enquanto os que desciam a escada na frente do rolo compressor se apressavam em sair da linha de fogo! Eu, um passo atrás do Cresponildo não sabia se corria para tentar ajudar, se sentava e ria, ou se continuava fazendo o que estava: Olhando, arregalado aquele tombo impressionante e pensando… Bem, nossa moral que tinha subido durante a aula, acaba de descer, rolando, pelo menos uns 200 degraus…

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