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    Eu sempre tive a mania de, quando chego em casa, dar aquela descansada básica, assistindo qualquer coisa que não causa masturbação mental, enquanto faço um lanche ou simplesmente fico jogado na cama ou sofá. Daí que se origina meu vício em seriados, que tem o tempo adequado para essa “hora da bobeira”. 40 minutos, e aí sim, começo as atividades produtivos da unidade casa. Então, lá estava eu, naquele momento “deixe minha mente submersa em besteiras”, curtindo Os Normais quando ouvi o casal filósofo fazendo algumas considerações muito pertinentes. Os Normais, retrato da vida cotidiana, série de enorme sucesso e abusrda criatividade e inteligência, nos enviou o seguinte recado, sobre bom humor, e sobre ovo virado!
    Segundo a visão dos normais, e eu precisei concordar, o bom humor permite que você faça coisas estupidas sem pagar o ônus devido. Claro, estamos falando de pequenas coisas estúpidas. Ninguém vai virar o carrinho do pipoqueiro no parque só porque está sorridente. Mas talvez seja possível roubar uma porção de pipoca do vizinho dando risada sem levar uma bolacha. Eu disse talvez. O vizinho também precisaria estar de bom humor, e não de ovo virado. Seria uma especie de autorizaçao para bancar o idiota, rindo por ai e curtindo. Tirando com a cara dos outros, sacaneando geral. Desde que não acerte o ovo virado de ninguém, sim, me parece que o cidadão bem humorado, e que prova através de gargalhadas idiotas e sorrisões exuberantes e injustificados, esse palhaço tem alguma autorização a mais. Estar bobo autoriza o bobo a ser bobo sem apanhar por aí. Até me vi situação de mané, levando um olé de algum bobo alegre. Me vi ficando puto, em seguida me acalmando vendo o estado de paspalho do bobão, e depois, deixando barato. O bom humor tem suas vantagens. Quase todas, na verdade.
    Então vem o ovo. Normalmente o cidadão já acorda com ele virado. Ou no máximo acorda com ele quase virando, só precisando mesmo de um empurraozinho mínimo para virar de vez, e passar o resto do dia furioso. Então as reações a tudo e todos fica totalmente desproporcional. Um furão de fila no restaurante vira um inimigo mortal, sujeito a levar uma pratada na cabeça. E o olhar do ovo virado denuncia que o cara não está para brincadeira. Todo mundo te respeita, por medo. Se alguém se apresente de ovo virado, e esse alguém interage com outras pessoas em condições normais de temperatura e pressão (lógico que se o ovo virado se bater com outro no mesmo estado, tudo vai parar nas vias de fato), acaba levando como vantagem o fato de as pessoas geralmente fugirem de confusão. Se o sujeito tem reações malucas para qualquer fato, cotidiano, transpira agressividade e incoerência, então as pessoas vão abrir excessões, ceder o lugar na fila e fazer outras concessões em pról do bem estar.

    Então é válido dizer que as pessoas bipolares estão sempre em condição favorável? Quando hiper de bem com a vida, colhem concessões como bem, humorados. E quando piradões, colhem concessões baseadas no medo ou indisposição de se estressar de graça por parte de outras pessoas. Bem, eventualmente até pode ser. O bem humorado sempre terá mais facilidade, até porque, na nossa correria maluca do dia a dia, é sempre bom encontrar boas risadas por aí. Descontrai, e torna tudo mais leve. Agora, o ovo virado até pode levar vantagem em alguns momentos, mas ele sempre, mais dia ou menos dia, vai encontrar outro doidão de ovo mais virado ainda. E se esse ovo for de avestruz ou coisa assim, vai quebrar o ovo menor, com a facilidade que se quebra uma casca de ovo. E depois que a gema invadir a clara, não adianta ficar de bico, o pinto já era! Portanto, desvire o ovo, e sorria! Ou vai querer ficar sem gema?
    Foi lá no 302, naquele fabuloso primeiro ano de Capitolândia, que aprendi alguma coisa sobre instalações elétricas. Os personagens ainda eram o Cresponildo, o Gorducho e eu. O 302 era aquela residência caricata que já descrevi, mas ainda tinha algumas particularidades extras, que ainda vou contando…

    Uma delas era o quadro de disjuntores do apartamento. Ele ficava atrás de um espelho todo cheio de estilo, talvez indiano, ou algo oriental não bem definido. Ele estava na lista mas não me lembro da origem dele, e nem do preço. Sim, existia uma lista, anexada ao contrato de aluguel, que citava cada item do apartamento (que era realmente mobiliado de cima a baixo), e informava o seu preço. Em dólar. Nunca esqueço das almofadinhas. 6 dólares cada. Esse item era caro. As pistolas árabes custavam em torno de 100 dólares, e confesso que quase “comprei” uma quando saímos. Mas lá estava o espelho. E atrás dele, aquilo… Um emaranhado de fios tão cretino que nem vou exemplificar visualmente agora, pois não cairia bem considerando minha profissão. O fato é que volta e meia esse monumento a segurança elétrica criava vontade própria. Se comunicava com a gente. Manda sinais de fumaça, sinais luminosos, e até sinais sonoros. Muito tranquilos, os dois estudantes de Eng Civil, o Gorducho e eu, administrávamos aquela entidade.

    Em uma daquelas sexta-feiras, sempre muito movimentadas, a entiade quadro de disjuntores resolveu se manifestar de forma mais contundente. Emitiu sinais sonoros, luminosos e de fumaça. Todos ao mesmo tempo. E traduzindo elas com o protocolo de comunicação que desenvolvemos com a entidade concluímos: Este curto-circuito foi muito forte. Então nos pegamos literalmente de mala na mão, porque estávamos indo os três para a Interiorlândia. Não havia tempo de chamar um eletricista. Na verdade, se tivesse também não iríamos chamar. Mas também não havia tempo de conversermos a entidade a não queimar nossa casa. Então algum dos três genios, que não consigo lembrar qual foi, sugeriu: Desligamos a chave, e quando voltarmos domingo a noite, tentamos alguma coisa. Feito.

    Viagem tranquila, 6 horas através da noite, para ficar menos de dois dias na Interiorlândia. No sabadão almoço de família reunida, conto feliz da vida da nossa perspicaz idéia de desligar tudo, eliminando assim o iminente risco de incendiar meio centro da Capitolândia. Então meu pai, que é do tipo quietão, mas quando fala ou é muito engraçado ou tem razão, pergunta: Desligaram é? Então imagino que tenham esvaziado a geladeira, porque na semana passada vocês levaram caixas e mais caixas de resfriados e congelados para lá…

    Ops…

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