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    De uma onda toda multi pluralista em todos os sentidos, desde grupos, agenda, pedidos, e comportamentos, os manifestos que varrem o Brasil oferecem um mundo de criatividade. As frases e cartazes, inclusive. Muito Prazer, Nós Somos o Povo. Dentre milhares, acredito nessa como uma das melhores mensagens que as manifestações possam passar aos governantes. Porque eles não nos representam. Não nos conhecem mais, não sabem quem somos. Se perderam na sua prepotência de poder, e esqueceram que concede o poder a eles. E nós, esquecemos de cobrar eles, que são nossos empregados, e nada mais do que isso. Então, vamos nos apresentar a eles. E, mundo pequeno, não só conheço a autora, como a vi crescer. Então, a pauta do dia é Muito Prazer, Nós Somos o Povo.

    Pra onde vai, quando termina, porque terminaria? Quem controla, como se negocia, como se atende a massa que está nas ruas do Brasil, gritando como sabe, protestando como entende que deve. O que significa o movimento. O que o governo precisa devolver ao povo, para que a estabilidade retorne ao país. Os protestos vão diminuir, parar, como vai ser? Quais os ganhos reais? Quem ganha, quem perde. Quem sabe o que faz, quem sabe explicar, quem acha que consegue entender? O barulho é grande. Foi ouvido. Mas foi entendido? Do lado de cá, e de lá?

    A reação do governo é difusa, confusa, perdida. Do governo como um todo, com raras respostas positivas. Teve a vitória com relação ao preço das passagens, claro. Mas essa agenda ficou tão pequena se comparada ao que enfrentamos diariamente, e se comparada às pautas que aos poucos foram adicionadas e consolidadas ao protesto, que nem sequer teve efeito sobre o movimento. Era quase uma obrigação instantânea de o governo fazer essa concessão. Fora isso, o governo não sabe como proceder. Não conhece o que enfrenta. Não entende o porte do levante. E aí, porque é realmente limitado mesmo, não entende porque isso se formou. E a formação disso tudo, como quase tudo que é absolutamente complexo, cai por uma simplicidade latente: O copo encheu. Acabou a paciência. O brasileiro recebe tão pouco por tudo o que paga, que ficou ridículo demais. Nossos representantes não representam mais nada. Não administram um país. Administram carreiras políticas e suas porcas ideologias. O discurso da presidenta até começou relativamente bem. Mas terminou como uma decepção completa. Conversa de palanque político, desenhada em São Paulo com o padrinho ex-presidente, e um marqueteiro. Essas foram as pessoas que aconselharam a presidenta em um momento como esse. Inacreditável.

    Dentro do discurso, mais uma visão distorcida, e uma cara de pau estrondosa. Não bastasse não anunciar nada sólido, o discurso ainda afronta a inteligência do povo propondo importar milhares de médicos cubanos. Ora, todos sabem a história de fracasso de Cuba e seu regime ultrapassado e falido, de seu povo miserável e sem futuro. E muito se fala que na verdade essa turma é mais cabo eleitoral da ditadura comunista do que profissional de saúde. Aí, realmente não conheço, e só cito o que se fala. Que essa turma que viria, já é de outra escola médica Cubana, não aquela que era referência técnica. Essa nova escola, tem o braço político latente. Aí, cabe a cada um pesquisar como achar que deve, porque não conheço esses profissionais. Sem contar que, o caos na saúde é tão, ou mais, pela infraestrutura, remédios e hospitais. Não só pelos profissionais. O fato é que o governo não sabe como agir. Não tem nem ideia da dimensão disso tudo. Nem o governo, nem ninguém.

    A única questão que é absolutamente certa, é que uma página foi virada. A era do povo acomodado , calado e conformado, terminou. As reações vão acontecer. Os bandidos que se acham legalizados pelos votos de uma massa manipulada, vão ter que entender. Duvido que entendam agora. Porque eles realmente se acham inatingíveis. Ainda vai um tempo. Alguns vão ter que cair, de uma forma, ou outra. Mas é importante que os novos, em formação, já entendam que o Brasil está mudando. As velhas raposas, as múmias que atrasam e fraudam e envergonham o Brasil não vão mudar. Precisam ser rechaçadas, expulsas, alijadas do processo político brasileiro. Porque o tempo deles já passou. Vai demorar um pouco, porque nada acontece pra ninguém, ainda. Mas vai acontecer. E os novos já vão saber o que espera por eles. Porque eles também estão nas redes, e nas ruas. E não vivem ainda nos seus palácios a prova de som, a prova de povo, naqueles reinos em que o rei não vê a população. Só vê o verde do jardim real da janela, e acredita mesmo que está tudo bem. Porque não vive, nem conhece, nem se interessa pelo seu país. A classe política brasileira foi reprovada. Ninguém quer bandeira de partidos. Eles tentam, mas não conseguem mais carregar as bandeiras nas manifestações. Porque o copo encheu. As ruas deram um basta na política. Ela precisa ser reinventada. Não interessa se é esquerda, direita, ou centro. Todas falharam. Todas precisam ser reinventadas.

    Ninguém é mais inocente pra acreditar em salvador da pátria. Pra acreditar em partido honesto. Porque isso não existe no Brasil. O jovem viaja o mundo. Conhece o mundo. Os estagiários estão nos intercâmbios, os executivos se especializam fora, as pessoas viajam e conhecem o mundo. Todos sabem que o ser humano precisa ser cobrado e monitorado. Caso contrário, ele se acomoda e sai da linha. Os países de primeiro mundo funcionam porque quem sai da linha, o trem pega. Vai pra cadeia, e é excluído da vida pública. Isso pra não falar dos Estados Unidos, que faz o que tem que fazer e pronto. Não pede licença nem pra presidente. Não existe poder cego nos países de sucesso. Existe cobrança e monitoramento em tempo integral. Não pode ser diferente. O povo precisa ser vigilante, cobrador. E se não funcionar, tem que ir lá, e fazer o que precisa ser feito. Expulsar, impedir, não votar, mandar sair.

    Aí tem a polícia. Também é um assunto difícil de analisar, porque os comportamentos também são difusos. Se vê imagens que não deixam mentir: Muitas vezes, tudo acontece como tem que ser. Outras vezes a polícia apanha de marginais que estão no meio da multidão. Outras tantas vezes (um número bem maior de citações, histórias e vídeos), a polícia simplesmente parte pra cima do movimento sem qualquer necessidade. Aí pode ser de tudo. Despreparo da polícia como um todo, ordem do governo pra provocar a manifestação pra que tudo descambe pra violência e o movimento perca a razão, ou pode ser um ou dois caras pirados com a situação que iniciam a bagunça toda. Aí é massa. E massa é imprevisível. Mesmo na polícia. Porque visivelmente preparada pra lidar com isso, ela não está.

    Também atrapalhada, e sem saber o que fazer, está a mídia tradicional. No inicio da cobertura, ela começou como sempre. Colocando panos quentes, e desqualificando e minorando o movimento. Pois bem. Bem vinda, mídia tradicional, ao novo mundo. Boa parte da população busca a informação nas redes sociais. E depois, só depois, é que conferem na TV, se a TV está falando a verdade. E cobra. Aí a mídia precisou se reposicionar. Tarde demais. Já estava sendo cobrada por manipulação. Repórteres expulsos, carros queimados, microfones sem identificação. É a colheita do que se planta. Assim é a vida. Ainda assim, o foco das reportagens é sempre a parte violenta. E sempre vai ter parte violenta. 30o mil pessoas são uma massa que não é possível controlar. Os prejuízos físicos? Irrisórios. Se somar o custo de todas as depredações, não chegam perto do custo diário dessa massa de políticos e suas verbas ridículas de gabinetes e diárias, por um dia de “trabalho”. Quem falar do custo disso, é porque não tem ideia do que custa sustentar essa massa de políticos, em sua maioria inúteis para o Brasil. Não que a violência seja o caminho. Não é. Mas não é a massa manifestante que faz isso.

    Até porque, a essa altura já existem grupos de todos os tipos infiltrados. Inclusive assaltantes. Aí, já é culpa do governo, e suas leis ridículas e jurássicas, somada a falta de presídios, a um sistema judicial ineficiente, lerdo e cheio de furos. Então, não adianta querer culpar os protestos por tudo o que acontece nas ruas. A culpa, de novo, é do governo. Primeiro por deixar quem não deve na rua, e o povo paga com vidas esse preço diariamente. Segundo, por semear a impunidade. Se os políticos culpados estão livres, o que impede que os vândalos também fiquem livres? Em última instância, tudo ainda é culpa do sistema. A única culpa do povo, agora é não saber ainda votar. Até uns dias atrás, tinha duas culpas: Não protestar e cobrar, e não saber votar. Agora, é só uma. Ano que vem, se Deus quiser, o povo dará a segunda resposta, se souber votar e limpar essa corja do poder.

    Vota Brasil. Porque protestar, você já aprendeu.

    Imagens: Terra, Manifestantes, Brasil.

    Porque a gente só aprende com fatos e consequências. Por mais que se saiba a teoria, só se aprende, de fato, com o fato. Lá vamos nós de Titanic, uma secular história de aprendizado para a humanidade. Vamos? Bilhetes logo ali, com direito a guaraná quente e primeira classe com bote salva-vidas.

    No próximo dia 15 de abril, um dos mais retumbantes acontecimentos do nosso tempo fará um século. 100 anos se passaram desde que o marinheiro Frederick Fleet, Vigia de Mastro do RMS TITANIC, deu o grito que parou o mundo. Iceberg right ahead. Os tempos eram de confiança, eram de prepotência, eram tempos em que se acreditava piamente no poderio do desenvolvimento humano frente a todas as coisas. A potência do vapor, a resistência do aço, a força da grande massa, e um navio “que nem Deus poderia afundar“. Quarenta e seis toneladas, o maior, o mais equipado, imponente e caro navio até então construído era o símbolo do poderio da nossa tecnologia.

    Apenas 100 anos depois, quase nada na linha do tempo, e aquela vangloriada tecnologia hoje seria ultrapassada por meia dúzia de bits e um punhado de geeks. O aço tão forte e duro que o deixava quebradiço, o leme tão pequeno que deixava o gigante lerdo nas manobras, o erro quase infantil de cálculo na altura dos compartimentos estanques, e lógico: A prepotência natural das pessoas, que não diminuíram a velocidade ao receber o aviso de gelo. Muitos erros, 100 anos, e a crença de que a tecnologia era extremamente avançada. Erros seculares, que certamente repetimos hoje, ao acreditar no poder da nossa super tecnologia. Tecnologia essa, poderio esse, que certamente será ainda mais cômico daqui a 100 anos, do que temos hoje, frente ao que tínhamos 100 anos atrás.

    O Titanic não é lembrado apenas porque foi uma emblemática tragédia. Também não é lembrado pelo romantismo do colar “Coração do Oceano”, jogado ao mar. Titanic é lembrado porque o mundo se considera um Titanic. Porque todos nós somos detentores do pensamento de poderio e supremacia que nossa civilização (?) desenvolve e impõe sobre todas as coisas. O gigantesco navio era um símbolo de poder, assim como hoje temos vários outros. Diferentes, nem sempre óbvios como tal, mas certamente com a mesma representação, e com certeza com a mesma fragilidade. O que hoje, na nossa mente seria o novo Titanic? Qual sua forma, sua representação, qual de fato sua real força? E a pior parte: Qual a sua real fragilidade?

    Titanic não foi um navio. Foi uma lenda real. Foi um fato que expôs os fatos. Foi uma lição à prepotência tecnológica da época, um recado alto e claro, de que por maiores que sejamos, ainda assim somos uma pequena parte de um todo. De todas as grandiosidades já construídas pela humanidade, no fim das contas, as pequenas simplicidades de todo dia, são muito maiores que um Titanic.

    Feliz Páscoa.

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