Estamos na era dos gigantes. Gigantes de tecnologias, gigantes de comunicação, gigantes do dinheiro, do ramo imobiliário, petróleo. Temos os gigantes da alimentação e até das fraldas. Até a padaria da esquina dá uma de gigante, pois faz suas compras através de cooperativas com outras mil padarias. Isso para poder sobreviver ao ataque dos hipermercados imperiais. A república dos pequenos faz o que pode para se defender dos gigantauros imperialistas! Mas o mundo é mesmo dos gigantes. É claro que sempre se soube, que não tem nada mais impiedoso do que um gigante caindo. É sinistro, impressionante e normalmente irreversível. Vamos falar então de um dos gigantes de uma área totalmente dominada pelos grandões do mundo. Chrysler, gigantão do mundo dos automóveis.
    Vamos espiar o histórico de uma das montadoras de automóveis mais charmosas que o mundo conhece. Em 1924, um ex-executivo da GM e Buick dá início à Chrysler Corporation. Uma empresa que sempre vinha com novidades em seus automóveis. Em 1935 já era uma das principais marcas americanas do setor, e o fundador, Walter Chrysler já passava o bastão. Na segunda guerra a empresa chegou a fornecer caminhões e tanques para o exército americano. E a empresa segue crescendo, entra na europa, faz algumas aquisições bem importantes no setor automotivo, como a Dodge, a Maserati e a Lamborghini.
    Na década de 90, através de automóveis de grande sucesso como o Jeep Cherokee, a Chrysler já era uma gigante vendida em mais de cem países, e chegou a ser eleita pela Forbes a empresa do ano. Nessa terra de gigantes, a ciranda das compras, vendas, fusões e trocas de tecnologia são bastante comuns, e até necessárias para o crescimento que essas empresas precisam para estar presentes a nível mundial. Então em 1988 é a vez da Daimler Benz comprar o nosso gigante. A empresa segue fazendo seus carrões grandes, bebedores e luxuosos. Com um design muito particular, os carros da Chrysler sempre chamam atenção por onde passam. Dificilmente um modelo da marca passa desapercebido no dia a dia das ruas. Principalmente nas nossas ruas, recheadas de modelos bem mais simplórios.
    Em mais uma troca de mãos, em 2007 a Chysler que ainda detêm as marcas Jeep e Dodge passa seu comando para a Cerberus Capital e é nessa conformação que a nossa gigante charmosa dos carrões estilosos chega para enfrentar a crise de 2008. Mas a crise não perdoa. Além da falta de crédito e recessão, os carrões americanos bebedores de gasolina se tornam em um dos símbolos da culpa americana pelo consumo desenfreado. GM, Chrysler e Ford sinalizam ao governo que precisam de ajuda. E essa ajuda é dinheiro no bolso, não apenas outras ações. A operação destas brutais corporações está comprometida. O mundo inteiro se impressiona com a situação das empresas símbolos do poderoso estados Unidos da America.A Ford tem problemas menores, mas os tem.
    O governo americano em um ato já mais de desespero do que uma atitude racional, aporta recursos à montadora, assim como fez com a GM. O que quer dizer que as enlatadas capitalistas precisaram de ajuda estatal, uma afronta ao cidadão americano, que acabou pagando o pato. Pesquisa recente aponta que três quartos dos americanos preferem ver as gigantes fecharem as portas, do que ver o governo colocar mais dinheiro público nesse buraco negro. A Inglaterra já fez essa operação décadas atrás com uma montadora inglesa, mas só conseguiu adiar a falência. É claro que um país como os Estados Unidos assistir a queda de um dos seus maiores símbolos é uma situação totalmente indesejável, mas creio que mais indesejável ainda seja assistir essa queda levando, além dos milhares de empregos, uma montanha de dinheiro público junto.
    Todos devem conhecer a expressão: “This is a win-win situation”. Pois bem, para o governo americano, a situação das gigantes automotivas é o exato retrato do contrário dessa expressão. Não importa o que se faça, o governo será condenado. Se não ajudou, é condenado porque não ajudou. Se ajudou é condenado por ter colocado dinheiro público fora, ou por ter ajudado pouco. Não há escapatória! E também dificilmente há escapatória para essas empresas, pelo menos sem grandes movimentações no mercado. E assim, veio a primeira grande movimentação pós crise: A FIAT abocanhou boa parte da Chrysler, em um mega acordo que considera troca de tecnologia, plataformas, distribuição… Inaugurando na velha concorrente americana uma era de carros pequenos e econômicos, o inverso da vocação da nossa gigante. Aliado a isso, a Chrysler está oficialmente em concordata! E a GM? O novo presidente já declarou o lógico… E a tendência é que a mais poderosa montadora do mundo seja desmembrada, vendida aos pedaços, e continue sua operação menor, mas bem menor mesmo do que a gigantesca montanha de carrões com o brasão do Tio Sam que conhecemos hoje.
    O certo é que as padarias vão continuar comprando juntas, o império multinacional vai continuar comprando toda e qualquer empresa nacional de maior destaque (meio mais barato de aumentar o share), e as gigantes vão continuar crescendo mais e mais, ficando cada vez maiores e dependendo cada vez mais de um nível de consumo elevado, de crédito, de jogo financeiro, de títulos e cambios…

    Só sei que nessa terra de gigantes… não veremos mais o mundo como ele era antes…

    (Hei você aí! É, você mesmo terminando de ler o texto! Faça uma sugestão de tema para o próximo artigo aqui ó, no comentário! Thanks!!)

    Quem é o Y da questão?

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    Um dos grandes desafios do mundo dos negócios atual é saber gerenciar as diferentes gerações que estão atuando no mercado. As condições de contorno de cada uma dessas gerações são tão diferenciadas que os comportamentos resultantes exigem um estudo cuidadoso, para que essas relações tenham o sucesso esperado. O X da questão, agora é a Y. A irreverente geração que invade o mercado.

    Hoje o mercado opera com quatro gerações ativas, cada uma com suas influências, suas condicionantes e seu resultado final, ou seja, seu comportamento. São elas, divididas por um período temporal aproximado:

    Veteranos – 1925 – 1945;
    Baby Boomers – 1945 – 1964;
    Geração X – 1965 – 1980;
    Geração Y – 1980 – 2000.

    O que uma geração vive, irá determinar o que essa geração será, portanto as influências são fundamentais para entender as características de cada uma delas, o que vai nos permitir entender porque é tão difícil gerenciar o relacionamento entre elas.
    A geração dos Veteranos, também chamada geração silenciosa, viveu tempos de guerra. Nasceu em período de forte crise econômica, escutou rádio e assistiu Charles Chapplin. Pela situação adversa onde foram forjados, os veteranos são pessoas dedicadas, que entendem e se conformam com o sacrifício. Eles admitem recompensas tardias, são rígidos e tem muito respeito por autoridade e regras. Certamente essas características afetam diretamente o comportamento dos Veteranos nas organizações. Eles consideram que o dever vem antes do prazer, o mesmo dever que é obrigação e consideram que a paciência é auto gratificante. São os Veteranos! Hardworkers!
    Nascidos após a Segunda Guerra Mundial, os Baby Boomers levam esse nome por nascerem em uma época de explosão da nascimentos, devido ao crescimento econômico do pós guerra, e claro, a volta sedenta dos soldados… É a geração revolucionária, que assistiu TV, viveu Woodstock fumando um belo cachimbo, e cresceu em um ambiente familiar muito forte, com a presença da mãe em casa.São otimistas, valorizam o bem estar e a saúde, são competitivos e se envolvem nas situações que os rodeam. Os Babys ainda não conseguem compatibilizar a vida pessoal com o trabalho, são viciados em trabalho e definidos pela sua profissão. Eles gostam de se sentir necessários e valorizados, e para isso sacrificam a vida pessoal pela profissional. Preferem resolver os problemas em reuniões pessoais, fato conflitante com as possibilidades de comunicação atuais. Hoje no mercado os Babys são muito relevantes, pois normalmente ocupam cargos significativos na hierarquia das empresas. A maioria dos nossos diretores ainda são Babys.
    Então é chegado o momento da pragmática Geração X assumir o seu lugar. A Geração X nasceu em situação mais diversa, sem as grandes marcas das gerações anteriores. Muitos tiveram pais divorciados e com as mães no trabalho. Essa geração começa com uma tecnologia mais arcaica e escutando música no walkman. A Geração X é marcada pela diversidade, equilíbrio, é uma geração que valoriza a diversão. A competitividade é uma marca dessa geração. Resistente, independente e adaptável. Assumem o emprego de uma forma séria, mas trabalham para viver, e não vivem para trabalhar. Entram e saem das empresas conforme a necessidade familiar, e é na família que essa geração enfrenta algumas verdades que as outras gerações deixavam passar. Fazem as coisas de maneira pragmática, e tendem a resolver os problemas por telefone mesmo, sem necessidade de reuniões. A geração X normalmente está em níveis gerenciais, com a difícil tarefa de comandar a geração Y…

    Geração Y, a geração da internet, a geração do milênio. Os Ys nasceram no meio da prosperidade, pegaram a era FHC e assistiram o impeachment do Collor. Essa geração grava seus dados em pen drives, escutam música em Ipods e gravam CDs e DVDs. São os poderosos nativos da internet. As demais gerações podem até saber e conhecer, mas são imigrantes na tecnologia. Só os Ys tem a internet no sangue. A galerinha da Y é coletiva, são muito sociais, compartilhadores natos. Eles questionam qualquer coisa, no emprego não temem mudança, e só ficam lá se realmente gostam. Preferem horários flexíveis, tem muita habilidade tecnológica, usam os recursos sem manual e são irreverentes, muito irreverentes.

    É uma geração multitarefas, são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, são auto-centrados e acham que sabem tudo. Foram criados pelos baby-boomers, como muita autonomia e independência. Como só ganhavam elogios, tem dificuldade com feedback. São tenazes, tem elevada auto estima, porém teimosos e egoístas. Aprendem em pares, na tentativa e erro e trabalham melhor em equipe. São antenados mas muito impacientes, acreditam que o tempo é curto e acabam tendo visão de curto prazo. São empreendedores, criativos, inovadores e ambiciosos, mas apresentam baixa atenção concentrada e são angustiados, com alta tendência a depressão.

    Uma das vantagens dos Ys em relação às demais gerações, é que no Brasil ela é a primeira que não foi “castrada”, tornando o brasileiro o ser inferior frente às grandes nações do mundo. A geração Y foi ensinada a “poder”tudo! Por outro lado tem dificuldade com a consequência dos seus atos, já que visualizam o “Reset and Restart”sempre a sua frente. A dificuldade de lidar com pessoas “difíceis” também deriva da mesma linha, do botão “delete”. Essa galerinha tem uma forma própria de se comunicar, e é muito difícil para as demais gerações acompanhar a escalada de ferramentas que eles usam. Com baixa resistência a frustração, os Ys devem ser acompanhados de perto por seus gestores quando seus projetos não saem como deveriam… Mas eles estão aí, entrando porta adentro do mercado, atropelando as demais gerações com a sua pressa, e já criando uma dependência da sua criatividade e capacidade. Então, que as organizações se preparem para lidar com seu futuro!

    E como se atrai um Y para sua organização?
    Ora, obviamente com tecnologia, mostrando sempre possibilidades reais de crescimento, e apresentando uma empresa flexível com um ambiente agradável, afinal de contas… O Y quer mesmo é ser feliz!
    O Y precisa ter voz e vez, tem que pertencer, contribuir. E ele adora equilibrar a vida pessoal e profissional, afinal de contas, não veio ao mundo só para trabalhar!

    Agora senhores estão definitivamente apresentadas todas as gerações e suas características, suas brutais diferenças, temores e anseios. O que, então, os gestores precisam para que esse explosivo coquetel de pessoas não exploda levando junto todo o talento e solidez do seu negócio?
    Identificar é a chave, informar e provocar discussões é o segundo passo para que aconteça a troca de experiências. A flexibilidade entre as gerações deve ser estimulada, além de paciência e o jogo de cintura na forma de comandar. Não esquecendo nunca o plano de carreira bem claro, e com datas, porque essa garotada é apressada….

    No mais, Veteranos, Babys, Xs e Ys, mãos a obra! Temos um mundo de negócios todo bagunçado aí na nossa volta! E é esse o povo que tem que resolver!

    E para quem se interessou pelo tema, e quer se aprofundar no assunto…

    Millenial Leaders – Bea Fields – S. Wilder
    Generation Blend – Rob Salkowitz
    Got Game – John Beck – Mitchell Wade
    Generations at work – Ron Zemke

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