Bonifácio se divide em dois níveis, basicamente. A Cidade Baixa, totalmente integrada com o mar e seu charmoso porto, e a parte alta, impressionante desafiando a gravidade no topo das falésias brancas cinematográficas. Poucas cidades no mundo são tão peculiares. Neste artigo, vamos falar da parte baixa da cidade. A foto acima tem uma vista geral, dando uma boa ideia do charmoso porto.

É a porta de entrada da cidade, o porto por onde chegam os poderosos ferry vindos da Sardenha, trazendo pessoas, carros, caminhões e o que mais quiserem. A vista da entrada é de tirar o fôlego e se dar conta que os dias alocados pra cidade serão poucos. Seja lá quantos forem. É essa a sensação da chegada. A operação no ferry é bem simples, mas o trânsito da chegada nem tanto. A rua de chegada passa entre os restaurantes e hotéis e seus quiosques típicos na borda do porto, é movimentada, super estreita, e se um parar, todos param. O acesso a cidade se dá por ali mesmo, e boa parte dos hotéis ficam ali.

Da cidade baixa a coleção de vistas compreende as pequenas e charmosas ruas dos restaurantes, a vista das muralhas superiores e uma parte da cidade alta, e claro, a entrada via mar da cidade e seu porto. Nos hospedamos por ali, excepcionalmente servidos de tudo. Restaurantes, sorveterias, todas as facilidades de uma rua principal, mercadinhos, lojas bem variadas o acesso imediato ao mar. O estacionamento do hotel era algumas quadras pra cima, na verdade em estacionamentos públicos. Para hóspedes do hotel não havia custo. Na chegada paramos a rua para descarregar, mas na saída dar a volta seria bastante trabalhoso e confuso, então carregamos as coisas. É o único inconveniente de se hospedar na parte baixa.

A foto acima mostra o caminho mais lógico para a parte superior da cidade, pra quem vai andando. De carro se sai pelo outro lado, mas desaconselho. Estacionar lá é um desafio maluco. Pra quem não quer encarar as escadas, existe um trenzinho que leva e traz e ainda circula lá por cima. Não parece valer a pena.

 

A foto acima mostra como funciona o curioso método que os restaurantes acharam para operar. As bases de operações ficam nos prédios atrás, antigos e simples por fora, modernos e sofisticados por dentro. Essa linha de quiosques abriga as mesas, foto abaixo. E são vários e variados restaurantes que atendem dessa forma, todos coladinhos só separados pelo toldo.

Os preços são bons, apesar do requinte. Não vi nadade assustador das casas do porto, mesmo atendendo um público exigente e de alto nível econômico. Certamente é uma característica da Córsega, que não é um lugar caro. Dá pra dizer com tranquilidade que é um pequeno paraíso. E certamente essa é a região e micro região mais cara da ilha, porque conforme saímos do circuito turístico, mais estamos em contato com o pastoreio, atividades de campo e especiarias familiares corsas. Claro, as lojas mais requintadas estão presentes, lado a lado com pequenos comércios de souvenires. Mas as requintadas e suas grifes já voltam aos patamares de preços mundiais de cidade turística.

A foto acima mostra a rua principal da cidade baixa, onde tudo acontece. Por ali a concorrência é entre pedestres, entre a turma que atende os quiosques a partir de suas bases nos edifícios, e os carros que estão passando, ou aliementando essa estrutura toda. Então em alguns horários de dia fica bem movimentadinho mesmo. Mas a  tranquilidade ainda impera, apesar da falta de paciência dos franceses e de boa parte dos corsos.

A estação é bastante importante quando se programa uma viagem a Córsega. No inverno a Cidade Baixa praticamente fecha, pois quase tudo ali é ligado ao turismo. Preferir o calor é quase uma obviedade quando se fala em visitar uma ilha, particularmente uma tão integrada com o mar e de uma beleza impar.

A noite tem aquele movimento tranquilo, charmoso mas despojado ao mesmo tempo. O turismo ali é visivelmente mais requintado. Pra quem procura baladas mais agitadas, não parece o lugar. Alguns bares esticam um pouco mais, mas via de regra tudo acontece relativamente cedo, e está mais voltado para a gastronomia. A turma dos barcões já está recolhida, ou fazendo um tempo já a bordo nas suas salas luxuosas. A iluminação da cidade não chega a explorar bem o visual que a cidade apresenta, mas também não passa em branco.

Ainda é possível fazer caminhadas no entorno da cidade baixa, aí já procurando um momento de menos sol, sejamais cedo ou mais tarde, e curtir um festival interminável de imagens de cartão postal. Alguns se aventuram a pegar uma praia por ali mesmo. As opções são ótimas. No próximo e último artigo da Córsega vamos falar da parte alta da cidade.

Imagens: Arquivo Pessoal
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