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    A maionese

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    E aqui vai mais um, dos primórdios do 302…

    1994. Meu primeiro ano na Capitolândia. 16 anos na cara. Um piá metido a besta. Neste ano, apesar de ser no 302, os personagens eram outros. Eu morava com o Cresponildo (sim, o mesmo das escadas) e com Gorducho, que nem era mais gorducho. Primeiro ano a gente só aprende e se ferra. Mas faz festa. O cardápio nosso de cada dia era risolis e cerveja. Sim, naquele tempo eu bebia. Lembro que íamos no mercado, lá do outro da cidade. De bus. Caceta, um daqueles hipermercados gigantescos, cheios de gente carregando caixas de leite na cabeça. Que fase! Uma das vezes compramos tanta coisa (caixas de cerveja, massa de pizza, e claro, risolis e nugets) que decidimos voltar de lotação. Pena que fomos para o lado errado. Os caras da lotação, que burros. Tinha o nome da nossa rua escrito! Só não sabíamos que havia outra rua com o mesmo nome lá do outro lado da Capitolândia. Burros, os caras. Da lotação, né?

    Então em 1994 a Capitolândia ia receber o maior show do Brasil. Íamos ver Legião Urbana. Era o auge, eu era tão piá que seria o maior show da minha vida. E o show mobilizou multidões. Naquela época, haviam poucos da Interiorlândia morando na Capitolândia, então o evento acabou sobrecarregando a casa. O 302 era imenso. Sério que era. Duas cozinhas lembram! E tinha banheira! Ih, lembrei de outra história agora, da banheira… E foi para o mesmo show! Tá, mas foi um dia antes, vou contar depois.

    Compramos as caixas de cerveja, os litros de Grants vieram lá da Interiorlândia e começamos a receber os convidados. Na verdade não havia uma lista de convidados, todos iam chegando. Ninguém lembrou de verificar quantos cada um tinha convidado, muito menos se iam dormir lá ou não. Até onde eu consegui contar, eram mais de 40. Na concentração pré-show. Esse número me deixou ligeiramente preocupado, porque boa parte era de fora, e tinha a impressão que haveria risco de superlotação quando o ap fosse virar alojamento. Por via das dúvidas, passei a chave no quarto, porque tempos atrás eu já havia ficado sem travesseiro em uma dessas badernas. Odeio dormir sem travesseiro!

    Depois de algumas horas esmagados na porta do lugarejo lá, onde ia ser o show, conseguimos entrar, aquela população toda. Nem preciso dizer que foi um show fantástico, para nunca mais sair da memória. Ainda mais que em seguida o grupo acabou. Mas foi realmente um show daqueles! Claro que só não apanhamos porque éramos quase um bus lotado, porque só o Damésio berrando “Puton! Puton!” para o Renato Russo quando ele jogava rosas no público já alertou e provocou a íra de toda a vizinhança para os baderneiros de plantão. Mas obrevivemos. E voltamos todos a pé, cantando, zoando, fazendo aquelas coisas de guri novo na rua. Tortos, malucos e em bando. Ainda não era possível saber o que ia acontecer no ap, ou quantos iam dormir lá. Sim, porque o pós show também foi lá. Não sei ao certo que horas o povo começou a ir embora. Não havia problema de barulho, pois embaixo morava uma família de japoneses, que cozinhavam feijão toda noite a 3 metros da minha janela. Ao lado nossas amigas árabes. E na frente sei lá, diziam que era um gigolô profissional.

    28. Foram 28 pessoas que dormiram naquela noite. 28 pessoas dormiram no 302 na noite do show do Legião Urbana. E o pior de tudo, ninguém tirou uma foto sequer! O pior de tudo foi não ter tirado uma foto sequer! O banheiro, coitado, que já estava com problemas seríssimos da noite anterior (artigo) era praticamente um zoológico em reformas. Era muito, mas muito difícil caminhar pelo 302 sem pisar pisar na cabeça de alguém. Na segunda noite tranquilizou, apenas 14 pessoas dormiram no 302. Já era bem viável, para aqueles tempos… E na terceira só estávamos nós e o Damésio. Naquela manhã, 3 dias depois do show, decidimos que seria um bom momento para iniciar o processo de desinfecção e limpeza da casa. Essa questão estava ficando bem acima do preocupante. E o nosso normal já era bem preocupante para cidadãos civilizados. Antes de decidirmos entregar a guerra para a sujeira, o Damésio achou um pote de maionese. E antes que percebessemos, ele comeu o pote todo. Com algumas bolachas que vagavam pelo chão. Tudo bem com as bolachas, mas ficamos ligeiramente preocupados com a maionese, porque ela estava fora da geladeira desde antes do show. 3 dias atrás…

    Óculos ou banana?

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    Aqueles anos eram mesmo pura bagunça. Até tinha alguma aula no meio, mas o que imperava mesmo era a bagunça. Para quem vem acompanhando a Artigolândia, o ap era o mesmo do Sabugo e a Coca. Assim como o trio de primos. Só que um deles, o Vanzolin “cheirador de merda” que na verdade nunca pitou um cigarro, usava óculos. E não era qualquer óculos. O Vanzolin tinha simplesmente 23 graus. Era o autêntico FGL (Fundo de Garrafo Legítimo). Naturalmente que ele passava a maior parte do tempo com lentes de contato. Mas tinha um momento que o óculos entrava em cena: A hora de dormir.
    Aí é que entra a banana. A banana é uma fruta muito prática. Se descasca fácil, tem substância, e principalmente era uma ferramente de provocação com a torcida do time rival. Que lá na Capitolândia a rivalidade no futebol é uma das maiores do mundo. E voava banana da sacada nos dias de jogos! E claro que o Vanzolin era dessa torcida.

    E lá ia ele colocar o óculos. Lavava as lentes, guardava e ia para o quarto com o FGL. Deitava, colocava o óculos na mesa de cabeceira e se preparava para dormir. Nesse momento eu e o Babus, o terceiro e mais velho primo, entrávamos em cena. Roubávamos o óculos e saíamos em disparada. Porque o Vanzolin era maior que nós, e ficava realmente brabo com esse furto. Mas a cena valia a pena! Ele saia enfurecido do quarto, passava voando por nós, encostados na parede do corredor. Vasculhava a casa toda até nos encontrar (isso acontecia quando a gente se mexia…). Aí começava o arremesso de bananas. “Pega o óculos aí Vanzolin!” E voava a banana. As vezes ia um cacho! E ele tinha que pegar cada uma delas, pois os 23 graus não permitiam diferenciar os dois objetos, e deixar o óculos cair no chão seria um péssimo negócio. Apesar que quase todas as bananas caiam no chão de qualquer maneira…

    Maldade, eu sei. Mas se for considerar que o Sabugo e coca foi idéia dele… Além do mais, me senti menos sacana anos depois, quando o Vanzolin já morava com outros amigos, e um deles ao invés de jogar banana quando escondia o óculos, batia palmas e dizia: Segue o tubarão…Segue o tubarão… Tubarão é que sabe seguir som, segue o tubarão…

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