O Mundo de dois clicks!

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    Já faz um bom tempo, alguns anos na verdade, que a comunicação mundial mudou. A internet virou tudo de cabeça para baixo de uma maneira tão revolucionária que é quase uma piada estabelecer paralelos. A nova geração, a tão falada Y, nem sabe mais imaginar como era antes! Mas esse tema já é tão batido que não há mais nada a dizer. Nada a declarar!

    Mas apesar desse conhecimento que já temos sobre essa revolução, algumas coisas ainda deixam espantados até mesmo os usuários mais antigos da comunicação virtual. O pessoal lá do ICQ, do mIRC e Cia Ltda. Tudo é em tempo real. Sim, em tempo real. O fenômeno da multiplicação está estabelecido em um número tão grande de fontes e meios, que só lista-los já é tarefa massante e cansativa.

    Então o que mesmo seria capaz de chamar atenção? Susan Boyle. Susan Boyle seria capaz de chamar a atenção! Esta irlandesa quase cinquentona, que desbancou a pretensão de um programa de talentos de transformá-la na piada da semana, e consegui se transformar na personalidade do momento. Em menos de um mês, após fazer uma impressionante interpretação de I dreamed a dream, do musical Os miseráveis, ela se tornou uma celebridade. Após a apresentação no Britain’s Got Talent, um dos jurados do programa, Simon Cowell, já anunciou que pretende fazer um filme com a história da nossa heroína. E para representar Susan, nada mais nada menos do que Demi Moore.

    Do anonimato para a celebridade em alguns dias, devido a uma apresentação de não mais do que 10 minutos, e mais de 100 milhões de acessos no You Tube. O mundo conheceu Susan pelo site de hospedagem de vídeos. Lá, o equivalente a quase metade da população do Brasil se emocionou, assistiu, repetiu a dose, contou para todo mundo, comentou no blog, enviou email, e assim a irlandesa que mora em um vilarejo em Blackburn, West Lothian, vai ser imortalizada no cinema. 2 clicks que mudaram uma vida em alguns dias. Susan foi entrevistada por televisões de alguns países, outras músicas já varreram a internet como um tsunami! São 15 minutos de fama. Sim. Vão mudar a vida de Susan. Sim. Mas o que impressiona mesmo, a capacidade da mídia atual criar maremotos com a mais simples das histórias. Em 2 clicks se corre o mundo.

    É tempo de exposição. Todos os canais de informação estão interligados, não importa o país, a cidade, a localidade, não importa a língua, nada mais importa. É tempo real. Mas sobretudo, é tempo de clãs. De fãs clubes, de tribos. É tempo de blogs interligados, de grupos, é a geração internet que trabalha junto, compartilhando tudo. Essa é a grande diferença. A informação estar disponível é o fato. Como ela caminha pelas tribos é que são elas!

    A geração internet (Y) compartilha tudo. Hoje não mais consultamos tabelas técnicas para saber qual o melhor carro para se comprar. Consultamos foruns, onde milhares de pessoas fazem questão de ir lá compartilhar suas experiências reais. Essa é a grande chave. Aqui está o diferencial do momento. As pessoas compartilham. Suas opiniões, suas músicas, seus vídeos, as suas novidades, então o mundo gira em segundos! Nas 23h 56m 4,09 s que a Terra demora para executar sua manobra de rotação em torno de seu eixo, uma desconhecida vira celebridade. Uma celebridade é reduzida a pó por um simples video feito do celular do vizinho, tudo postado em alguma site e pulverizada em milhares de blogs, sites, e lavadas de “boca a boca”, que agora tem realmente uma leitura megalomaniaca.

    Susan Boyle compartilhou com todos nós os seus sonhos. Provou que era possível, e o mundo inteiro conferiu, compartilhou, aplaudiu, se emocionou e adicionou aos favoritos. Juntamente com outros 1.760.987.981.909.090 vídeos!

    I dreamed…

    Justiça seja feita

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    Quatro anos atrás um fenômeno eleitoral acontecia no Rio Grande do Sul. Um fenômeno que só não teve maior impacto por ter como um dos agentes o PMDB, partido de maior força do estado gaúcho. PMDB ganhar no Rio Grande não chama atenção de ninguém, é um fato normal. Mas não naquele momento.

    Neste evento, assistimos a vitória de uma candidatura que tinha menos de 5% das intenções de voto no início da campanha. Um crescimento esmagador, uma reação impressionante, mas que boa parte do país não entendeu. O Rio Grande do Sul não votou no seu maior partido, o PMDB. O Rio Grande votou no anti PT. O PMDB era a terceira via, correndo por fora contra um governador de salto alto, de partido neutro e desgastado pela militância petista, que na época ainda era quase um exército, tal sua força. Contra o governador Antônio Britto, Tarso Genro, considerado um petista de baixa rejeição. Como pessoa.

    Nesse cenário Germano Rigotto, um ilustre desconhecido na cidade Porto Alegre, e da maioria do interior do estado triunfou, passando de viagem pelos outros dois candidatos. No segundo turno, a guerra de carros adesivados e bandeiras pelas ruas impressionavam. Era a força da militância do PT, como sempre, atuando em estado de guerra em Porto Alegre. Do outro lado a reação. Uma reação impressionante. Não do PMDB. Do anti PT.

    Rigotto não derrotou ninguém. O povo gaúcho, como sempre na vanguarda das tendências do Brasil, é que decidiu que o PT teve sua chance e não aproveitou bem. Foi varrido. E para não deixar dúvidas da teoria do voto anti PT, varreu este partido também da prefeitura de Porto Alegre, que estava em seu poder a quase duas décadas.

    Pois que chega a hora da verdade de Germano Rigotto. A reeleição é o aval da população para o trabalho de quatro anos. O cenário era totalmente favorável. Rigotto foi pré candidato a presidente da República, fez uma excelente votação na convenção, e foi derrotado por um não PMDB que está no PMDB com alta rejeição, por culpa de uma fórmula mágica inexplicável e incoerente. Daquelas coisas que só o PMDB, este monstro atrapalhado é capaz de fazer. Um pré candidato a presidente, com baixa rejeição e alta aprovação do seu governo, tendo como concorrentes um ex governador petista de alta rejeição e uma candidata teimosa várias vezes derrotada. Seria como tirar doce de criança.

    Seria. Os problemas de Rigotto começam pelo imposto que ele aumentou, e não deveria tê-lo feito. Passam por um estado que é de conhecimento nacional, é ingovernável, tal a situação financeira. Um estado que leva o gentil apelido de “triturador de governadores”, por alguns cientistas políticos do centro do país. Também passam pela divisão de secretarias ao melhor estilo Britto, privilegiando os demais partidos em busca da governabilidade tão sonhada, e decepcionando a militância do PMDB. Rigotto ainda dá uma ajuda extra aos seus adversários, se pronunciando contra a reeleição e demorando pra anunciar sua candidatura, dando a impressão que não quer mais o Rio Grande. E logo com o povo gaúcho, o mais orgulhoso do seu chão farroupilha. Isso faz com que Rigotto não decole nas pesquises. Ele lidera, mas não esmaga.

    Agora Rigotto não é mais a terceira via. É a primeira, com seus desgastes. Assiste a segunda via empacar, com sua implacável rejeição do voto anti PT. Mas também um crescimento da terceira via.

    Então vem a pesquisa fatal. Yeda venceria, assim como Rigotto também venceria, Olívio Dutra no segundo turno. E Yeda se aproxima perigosamente de Olívio. Até aqui nenhuma novidade, qualquer cidadão brasileiro bem informado sobre a política gaúcha chegaria sem grande esforço. Mas mais um fenômeno vem aí…

    O povo gaúcho, sem pensar duas vezes, vota em Yeda, na ânsia de varrer mais uma vez o PT do governo gaúcho. O voto de Yeda é de Yeda. Mas também é o anti PT. O mesmo voto que elegeu Rigotto quatro anos atrás agora ajuda Yeda a varrer Olívio. Mas aí entra o destino, e a justiça.

    Não que Rigotto tenha sido um mal governador. Ele foi bem, dadas as condições. Teve erros, teve acertos. Mas certamente seria reeleito, não há dúvidas. Não foi reeleito porque boa parte dos votos de Yeda eram seus. Mas esses votos eram mais do fenômeno anti PT do que de Rigotto. Eram do medo. Medo de ter o PT por perto. O gaúcho quis atirar no PT, e acertou no PMDB. A mesma mão anti PT que conduziu Rigotto ao poder, o derrubou por engano.

    Aposto em qualquer termo, Rigotto contra Olívio, daria Rigotto com vitória esmagadora. Rigotto contra Yeda, daria Rigotto com uma margem tranquila. Mas com todos os ingredientes misturados, a justiça do acaso levou mais uma vez a terceira via ao poder.

    O Brasil viu o resultado com curiosidade, pensando no que Rigotto teria escorregado. Em que seu governo teria fatalmente se equivocado. Mas só sabe mesmo a verdade, os milhares de gaúchos que se dirigiram as urnas naquele domingo com um único objetivo: Varrer Olívio Dutra do segundo turno. Errou o tiro, ficou perplexo no domingo a noite quando viu Rigotto, candidato de muitos, fora do segundo turno. Humilhado e com sua carreira política aniquilada. Justiça cruel essa.

    No segundo turno Yeda deve esmagar Olívio, Yeda, com os votos de Rigotto, e com os votos anti PT. Ganha a próxima eleição no Rio Grande do Sul, o candidato que souber como atrair certos votos. Nem os da rejeição do atual governador, nem os do seu partido. Mas os votos do anti PT. Esses são os votos que decidem quem manda no Rio Grande.

    Agora só resta uma pergunta: Desta vez o Brasil segue o Rio Grande?

    Rico da Artigolândia.

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