Passada a temporada da Jabulani, a bola da vez agora é a cadeira de presidente. A de presidente, e todas as outras a tiracolo, tais como a de governador, senador e todos os outros picaretas com anel de doutor. Então, após uma Copa do Mundo sem títulos, lá vamos nós todos, orgulhosos brasileiros para o exercício que menos gostamos: Votar.

E essa eleição vem assim, meio de lado, com cara de filme velho. Essa eleição vem de lado, assim como seus personagens principais. Essa eleição, que vai decidir quem manda no Brasil pelos próximos quatro anos, traz cabos eleitorais de mais peso que os próprios candidatos, e isso me preocupa até o ponto mais distante do meu pensamento político. De novo, temos uma eleição polarizada entre PSDB e PT, com alguns outros personagens tentanto arranhar, mas que não irão chegar. Ficaremos, mais uma vez, entre a estrela vermelha e o tucano colorido. Mas isso por si só não chega a ser tão preocupante, o que me deixa ansioso mesmo, é que o povo votará no Cabo Eleitoral, e não no candidato. Ah, mas o candidato segue a ideologia política do partido, blá, blá. Em termos. Já tivemos provas mais do que suficientes ao longo do tempo que o presidente é o presidente, e depois de eleito, o seu partido é que o serve, e não o presidente serve as ideologias do seu partido. Alguém sabe quantos políticos deixaram o PT após o governo Lula começar? Pois é. Lula é o grande Cabo Eleitoral de Dilma. O mesmo Lula que não escreveu a cartilha do PT toda, o que indica que após eleita, Dilma também irá seguir o mesmo caminho. Assim como Serra, quanto ao FHC. Serra é bem mais conhecido que Dilma, já foi candidato, mas FHC continua sendo um presidente de 8 anos de Brasil, um Cabo Eleitoral mais forte que seu candidato. Olhando de longe, entre as duas duplas, parece que Serra fica mais perto de FHC do que Dilma fica de Lula. E talvez esse seja meu maior temor nessas eleições. Votar em Dilma não é votar em Lula. Votar em Serra não é votar em FHC. E acreditem, a campanha será desenvolvida nessa linha, e o povo, infelizmente, votará nessa linha.

Há de se esperar, por hora, um milagre eleitoral, que o bravo povo brasileiro entenda, que Dilma não é Lula, que Serra não é FHC, que ambos não serão totalmente fiéis a ideologia de seus partidos, há de se entender que quem manda mesmo é o presidente, nem que para isso todos ao seu redor caiam em desgraça. Há de se entender, que o voto deve ser pensado como deve, no candidato, e não no Cabo Eleitoral, que após as eleições, vai para o exterior dar palestras e fazer algum curso. Quem fica mesmo, é o rostinho que está lá, na urna eletrônica.

Imagem:Bernardo Porto