Eleição é como disco furado. No geral, as questões são sempre as mesmas, roda, gira e fica tudo no mesmo lugar de sempre. "Vote saúde, educação e segurança, vote em mim!" No geral, os planos de governo são como manuais de geladeiras. Nem pinguim lê. Nem quem elabora os tais planos deve ler todo material. Tem todo jeitão de um típico control C, control V com 4 aninhos de idade. E sempre existem as figuras clássicas, que todos conhecem do n-ésimo mandato, e sempre aparecem as caricaturas do tipo "Meu nome é Enéas!", e outros seres mitológicos alucinantes. Existem os filhos dos pais políticos, pais estes que já pensam em seguir com o mandato na família desde o nascimento dos rebentos e colocam nos herdeiros seus próprios nomes, seguidos de "filho, júnior", ou qualquer alcunha parecida. Tudo é muito igual. Mas a tecnologia chegou, o modelo Obama de se eleger chegou aqui pelas terras tupiniquins, e então houve um grande avanço. Agora a sujeira é virtual. Claro, ainda temos aquelas plaquetinhas voadoras nos trevos, canteiros e calçadas cidade afora, mas pelo menos o poste escapou. Não tenho certeza se essa é a segunda, ou a primeira eleição presidencial que o poste escapou. Para governador e prefeitos creio que o poste já estava livre da política. O poste foi trocado, pela internet.

Já que nada muda no mundo político brasileiro, um dos fatos mais positivos permanece sendo a questão do poste. Que maravilha andar por aí sem ter que aturar todo aquele penduricalho mendiguento de voto pelos postes. Pobres postes. Foram criados para dar luz a cidade, e eram usados como cabide eleitoral. Nascidos para a luz, ofuscados pelos políticos. Vida de poste não era fácil. Mas agora tudo passou, e já é possível andar pela cidade quase com a sensação de que a eleição não está acontecendo. Claro, quando venta muito é preciso ficar esperto, pois não custa nada uma daquelas plaquetinhas que mais parecem pandorgas terrestres voarem no seu carro. Mas pelo menos os postes escaparam. As caixas de e-mail estão lotadas e até o twitter virou veículo. Sério, o twitter. Tem algo mais bizarro que aquelas fotinhos de panquecas engravatadas bradando promessas velhas e pedindo voto? Quase que prefiro a volta dos postes propagandeiros quando vejo aquilo.

O fato é que toda eleição é igual, mesmo nessa, em que os cabos eleitorais são mais importantes que os candidatos, tudo é muito igual. O que muda mesmo é a relação da política com o poste, que se livrou desse fardo. Sorte dele, porque afinal de contas, o pobre do poste só fazia campanha, votar ele nunca votou! Ou será que votou?