Demorei.

Demorei para escrever sobre o Haiti, porque esses fatos me enlouquecem. Não posso nem mesmo ler muito a respeito, porque saio do sério. Terremotos tem acontecido ao longo da história, é verdade. Catástrofes naturais sempre aconteceram, é verdade. Agora sabemos muito rápido de todas essas coisas, é verdade. Mas apesar de tudo isso, está diferente. Esse tipo de acontecimento está sim, diferente. Eles ocorrem semanalmente. Trocam de país, de povo, mas acontecem. Alteram as porporções e consequências, mas acontecem semanalmente. E chega cada vez mais perto. Não de mim. De todos. Porque como pipoca na panela, não se sabe qual a próxima a estourar. Não se sabe qual a próxima cidade que vai ser alagada, que vai tremer, que vai queimar com temperaturas absurdamente altas, ou que vai congelar inteira a ponto de quase parar tudo. Não se sabe qual ponte o rio vai levar, ou qual praga nova vai aparecer.

Os sinais não cansam de chegar, e nós não cansamos de ignorar. E o Haiti que já era um país em delicadíssima situação, com uma história complicada demais, está agora completamente destruído. E o mundo ainda não se deu conta, nem os governos, nem as cidades, que a defesa civil, o exército e tudo mais que temos disponível em termos de apoio precisa ser treinado, equipado e estar alerta para ajudar o mais rapidamente possível os futuros soluços da natureza. Porque na redenção, pelo menos a médio prazo, eu já não acredito mais. Os soluços do planeta vão continuar, e nossas cidades irão sim ruir, um pouco cada uma, uma de cada vez. Nada de fim do mundo. Mas o fim de muitas pessoas, e de seu mundo.