Um dos nomes de filme mais bacanas que vi até hoje foi: "Sobre Meninos e Lobos". É um nome simples, mas que manda um recado. Ele nos diz o assunto, e já o caracteriza em sua essência: o paradoxo. Além disso é um nome forte, provocativo, enfim. Mas eu gosto mesmo é do paradoxo. Hoje não vamos falar de meninos, nem de lobos. O assunto é outro paradoxo, heróis e vilões. Boa parte dos heróis tem seu lado negro, seu lado confuso, uma mente atormentada. Mas as pessoas não querem saber nadad disso. Só querem seus heróis, no mais alto grau de pureza.


Mas as pessoas também querem vilões. As vezes querem vilões mais do que querem os heróis. Claro, o vilão exige sentimentos mais fortes, queremos fritar o vilão, explodir ele. O vilão dá mais IBOPE do que o herói, sem dúvida. E uma das sociedades mais movidas a heróis da atualidade é justamente a mais poderosa da atualidade. Os americanos amam seus heróis. Os heróis americanos são diversos. Podem ser políticos emblemáticos (como o atual presidente), podem ser heróis de guerra, ou símbolos dos bons costumes. Chega a ser divertido observar essa necessidade americana, e tem um ótimo filme (que merece um artigo só para ele) que mostra uma boa dimensão desse necessidade americana. Dos seus símbolos de moral, bons costumes, e aquela ladainha toda pressionada pela sociedade pronta para explodir. "Beleza Americana" traz tudo isso. E agora a mídia se diverte com outro herói que virou vilão de um segundo para outro. A bola da vez não é qualquer um. Tiger Woods, um dos maiores jogadores de golfe da história, bom moço, exemplo típico de símbolo americano. Primeiro atleta bilionário da história, o "tigrão"do golfe se envolveu em um escândalo relacionado a amantes e viu seu bilionário castelo ruir. Perdeu patrocinadores, viu cancelado um projeto de condecoração no congresso americano, e foi massacrado pela mídia. O herói virou vilão imediatamente, largou o golfe "para se dedicar mais à família" e enfrenta a ira do povo conservador americano. A ira da mídia, que tem seu novo vilão vendedor de jornais, porque vilão vende mais, né? É claro que o cara não está certo colecionando amantes mundo afora, mas também não precisa passar de ídolo para inimigo número um da sociedade por cometer erros. E essa é a beleza americana, a hipocrisia dos certinhos. E aí que não é só dos americanos, é de todo o mundo, é de todos nós. Neste mundo maluco, onde ninguém resolve nada, onde somos liderados pela classe política (logo a menos confiável de todas as classes), neste mundo precisamos de heróis. Ou quem vai salvar o mundo em 2012? Queremos heróis. Mas não os queremos complexos, muito menos paradoxais. Queremos heróis perfeitos, modelos a prova de erros de conduta. Queremos. Não os temos, e nem os teremos. Mas é o que precisamos. E se não teremos, pelo menos queremos acreditar. E precisamos, até, acreditar.







Ninguém é herói o tempo todo. E talvez ninguém seja vilão o tempo todo. As vezes o herói é tão vilão quanto herói, ao mesmo tempo. As vezes é herói um tempo, e vilão em seguida. As vezes é menino, as vezes é lobo. E as vezes o menino aparece de dia, e o lobo durante a noite. E o mundo precisa dos dois. Um para bater, outro para ter fé.


We can be heroes, just for one day...