Esse sim, é Pop. O último não foi. Esse já é, e mal começou. Confesso que no momento que a fumaça branca anunciou o papa Argentino, tive uma reação negativa. Porque achava que não deveria ser de novo, europeu. E não foi. Que devia mesmo, o próximo Santo Padre, pertencer ao nosso continente. Mas aí pensava no lógico. E o lógico era que o Papa deveria sair do maior país cristão do mundo. Por coincidência, seria brasileiro. Quase 12% dos católicos do mundo, são brasileiros. E não foi. E na hora não tive o poder da compreensão. De entender o porque, de um Papa Argentino. Mas aos poucos essa lógica que parecia ilógica foi se invertendo na minha cabeça. E fui entendendo que a escolha foi sim, acertada. Mas ainda não dava pra saber que era tão acertada, quanto agora está claro. A questão toda não era territorial. Era de conceito, de ideias, de ordem.

E fico bem a vontade pra falar de religião, esse assunto que as vezes é polêmico, e que dizem que não se discute e tal. E que provoca muitas guerras. Guerras demais, já que as religiões nasceram pra auxiliar e guiar. Aí não dá pra entender guerra por isso, né? Porque no fim, o objetivo é próximo, ou igual. E fico a vontade porque sou batizado em uma, e conheço várias, e respeito todas, e pratico de formas diferentes, pelo menos três delas. Além do que, nosso grande Brasil não briga por religiões, ele tem espaço pra todas elas. Então, sem dramas, e dodóis, vamos falar do Papa Francisco.

Francisco é um Jesuíta, uma Ordem da Igreja que fala por si só. É a Companhia de Jesus, nascida em 1534 na Universidade de Paris, e muito apoiada ao trabalho missioneiro. A imagem acima é das Ruínas de São Miguel das Missões, no R.S., cuja história representa um pouco a escolha de um Jesuíta como Papa. A Companhia teve papel importante na Reforma Católica, depois foi Suprimida da Igreja, e depois Reintegrada, e agora chega ao Papado. Francisco é o primeiro Papa Jesuíta, também é o primeiro nascido no continente americano, e o primeiro não-europeu em mais de 1.200 anos. Algo que realmente precisava mudar, já que dos 10 maiores países católicos do mundo, quatro são do nosso continente. Incluindo os dois primeiros. Brasil e México, que tem juntos mais de 20% dos católicos do planeta Terra. E o primeiro grande compromisso fora do Vaticano foi a Jornada Mundial da Juventude. Que como tudo nessa década, foi no Brasil. Terminou hoje, com mais de 3 milhões e meio de fiéis na missa de encerramento. O maior número de pessoas em Copacabana, o maior número de turistas no Rio, e o maior número de turistas da história do Brasil, em uma só cidade. Números colossais, popularidade papal em alta.

Francisco se revelou um Papa de todos, e aí reside um diferencial, e provavelmente a marca do que deve ser um dos Papas de maior popularidade da história. É o que está pintando. Dono de um discurso de humildade, de simplicidade, de aproximação da Igreja com o rebanho, de mudança de paradigmas na gigante e poderosa Igreja Católica, Francisco tem tudo para fazer efetivamente o que vislumbra para os católicos. A presença do Santo Padre emociona, provavelmente não só católicos, porque o Papa é além de tudo uma referência, que sempre esteve aí. E referências são mais do que necessárias na nossa existência. Então essa ligação existe, e com Francisco, ela tende a ficar mais próxima. Porque ele é um Papa "descolado". Um Papa que dispensa vidros blindados, que anda de carro quase popular, que recusa o ouro, que quer o povo. Que quer a igreja missioneira. Jesuítica. É um Papa que fica preso no trânsito (só no Brasil, né?), abaixa o vidro e estende a mão ao povo. Um Papa que pega o chimarrão de alguém qualquer da multidão, que pára o Papa móvel, e beija fiéis. É um Papa diferente, um Papa Pop.

Foi bonita de se acompanhar, a Jornada Mundial da Juventude no Brasil. A segunda maior da história. Como tudo que acontece no Brasil, teve seus problemas de organização, suas dificuldades, porque nós não somos preparados pra fazer coisa grande, né? Das pequenas do nosso cotidiano, já não damos conta. Mas aí, é outra conversa. O fato é que a Jornada foi bem legal. Mostrou um lado da religião que é o que tem que ser. De emoção, de esperança, de sábias palavras, de um guia que efetivamente veio guiar. Foi muito bacana. E o Brasil, pelo que tem vivido, e ainda vai viver nos próximos episódios, merecia mesmo, uma visita do Papa Pop. Valeu Francisco, Hermano camarada!

AD MAIOREM DEI GLORIAM