Fazem alguns anos, na verdade não muitos, que declararam a Independência do Brasil. Comparado a outras nações, o nosso país é um jovem adolescente ainda lidando com as espinhas no rosto. E jovem tem lá as suas características. Discute, desobedece, briga, esperneia, faz pirraça, faz festa em véspera de prova, e todas aquelas coisas que todos nós já fizemos.

O jovem também é inocente, empreendedor, sonhador, irresponsável e imprevisível. Então que desde 7 de setembro de 1822 o Brasil iniciou sua caminhada para ser um país. Sim, porque se nós como seres humanos complexos e com uma construção divinamente perfeita que somos demoramos vários anos para chegarmos a um certo grau de coerência... E mesmo assim está cheio de tiozão fazendo tudo errado... Imagina o país todo, formado por essa tribo toda aí, desde o dia 7, gritando ao vento: Independência ou Morte. Pobre Brasil, Independência ou Morte. Até nossa independência foi uma peça teatral. E aí ficamos furiosos quando deputados dançam em plenário comemorando mais uma impunidade. Ou senadores , ou presidentes, ou todos esses aí encenando ao povo gado. Desde sempre, no Brasil entra 7 e sai 14. Chegam espelhos, sai ouro. Chegam chips de computador, saem cargueiros de minério. No Brasil da Independência ou Morte, entra 7 e sai 14.

As vezes me pego pensando que somos o que somos porque somos apenas um país jovem, tentando achar seu creme para espinhas, e tentando conquistar a coleguinha da escola. Mas temos algumas diferenças de outros grandes países. Nosso 7, veio fácil. Não foi um sangrento 4 de julho. Nem passamos por invasões, nem tivemos que defender nossa bandeira. O Brasil não suou. Além de sua formação, composta com o objetivo de servir de celeiro de riquezas e não de ser um país de verdade. Não tivemos que erguer o escudo, nem usar a espada. Nosso 7 foi teatral, e nenhuma gota de sangue foi derramada. Veio fácil, para sair fácil. Nossa bandeira é colorida e bonita, mas ela custou pouco ao povo. E tudo que custa pouco, tem pouco valor. E aí que somos jovens, bobos e inocentes, mas sem a rebeldia, sem o sangue quente. Aí que temos alguns ingredientes dos jovens, mas outros não. Somos um jovem sem pai. Tem mesada, mas só tem mesada, não vai ter salário. Melhor pagar a mesada, e não ter que pagar salário. Melhor receber a mesada, já que ter salário da muito trabalho. O Brasil precisa crescer. Brigar, lutar.

O brasileiro ganhou uma mina de riquezas, ganhou assim de graça. Com o compromisso de permitir que ela continuasse a ser explorada. E assiste conformado ao próprio teatro, porque afinal de contas, o 7 veio de graça. Desde que entrem 7, e saiam 14.